O padre Eduardo Roca, do Centro Inter-religioso para a Paz, na Diocese de Pemba está convencido de que o número de pessoas assassinadas no ataque jihadista de 24 de março de 2021 à vila de Palma terá causado um número de mortes superior ao que é apontado numa investigação de um jornalista norte-americano.
Alex Perry conduziu durante os últimos meses uma investigação sobre o ataque terrorista à vila de Palma e concluiu ter-se registado um verdadeiro massacre com 1.357 mortos.
Agora, o Padre Eduardo Roca, num registo gravado e enviado à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) afirma que “seguramente são mais porque mataram famílias inteiras das quais não restou ninguém, nenhum familiar; não ficou ninguém para os recordar”.
Neste depoimento, que a Fundação AIS Lisboa agora divulga, o sacerdote chega a acusar os responsáveis da multinacional francesa TotalEnergies, que explora na região um megaprojecto de gás natural, de enorme negligência no apoio às populações durante o ataque. “Soubemos que um dos helicópteros que poderia ter levado pessoas que se refugiaram na Total apenas transportou algum gerente, algum chefe, e os cães do chefe, enquanto aquelas pessoas foram todas mortas”, relata o padre Eduardo Roca à Fundação AIS.
Na sua mensagem enviada para Lisboa, o sacerdote adianta que os grupos terroristas estarão atualmente a promover uma “reorganização” da sua organização. “Há alguns meses que os ataques são de muito baixa intensidade, mas parece que há uma reorganização das células terroristas por todo o país”, refere o sacerdote.
Recorde-se que na sequência da divulgação da investigação do jornalista norte-americano Alex Perry, que apontava para a existência de mais de mil e 300 mortes, o bispo de Pemba, D. António Juliasse exigiu um dia de luto publico e que a multinacional francesa Total assuma a sua parte de responsabilidade em toda esta situação.