O economista João Duque disse nesta terça-feira que os partidos levam para lugares cimeiros do governo pessoas que estão ligadas a casos de corrupção e defendeu que o primeiro-ministro deve selecionar melhor os candidatos.
No programa As Três da Manhã, João Duque comentou a descida de Portugal no índice de perceção da corrupção, anunciada pela organização Transparência Internacional.
Para João Duque, “o sistema político que geramos e que estamos a desenvolver em Portugal e é praticado não ajuda”.
“Quando temos um governo que acaba por sair ligado a vários casos de corrupção, dá-nos a sensação de que o sistema está a gerar uma forma de levar ao poder quem depois tem comportamentos desta natureza”, ou seja, “estamos sucessivamente a assistir em Portugal a um desfilar de casos que não ajudam e, até mais, contribuem para o agravar desta situação”.
Para o economista, a raiz do problema está no facto de “os partidos acabam por levar até aos lugares superiores de colocação no governo, pessoas que não deveriam ascender a esses lugares”.
Por isso, apela a que “quem é nomeado primeiro-ministro tenha uma forma de escrutínio e de seleção de pessoas que leve a que apenas escolha aqueles que, aparentemente, pelo seu passado e pela sua forma de estar na vida, não vão aumentar esta sensação de que é tudo corrupto”.
A situação, reconhece João Duque, leva a que aumente a percentagem de jovens com intenção de votar no Chega.
“Um jovem que não tem memória, que chega e cresce num ambiente em que, sucessivamente, vai vendo que as pessoas ligadas ao poder atual estão muito contaminadas por estes casos, acaba por olhar para o espetro de partidos que se oferecem como alternativa e pergunta quem pode ser o meu representante da indignação contra isto”.
A resposta “acaba por ser o Chega”, pois é ele “que mais barulho faz, aparentemente, na praça pública”.