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O primeiro-ministro italiano critica a posição de alguns Estados-membros da União Europeia, nomeadamente Alemanha e Holanda, pela forma como estão a reagir à necessidade de resposta comunitária à crise criada pela pandemia de Covid-19.
Em entrevista ao o jornal alemão “Suddeutsche Zeitung”, Giuseppe Conte volta a determinar a emissão de títulos de dívida comum, “coronabonds”, como melhor solução para ajudar à retoma da economia na UE e, sobretudo, como apoio para os países mais necessitados. Medida recusada pelos alemães, que Conte acusa de estarem a ser o “travão da Europa”, quando podiam ser a locomotiva.
“A Alemanha tem uma balanço comercial superior ao exigido pelas regras da UE e com este excedente não opera como a locomotiva da Europa, mas sim como um travão da Europa. A UE precisa de utilizar todo o seu poder de fogo, especificamente através da emissão de títulos de dívida comum”, defende.
O apoio de 500 milhões de euros, aprovado pelo Eurogrupo, que será canalizado através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, não convence o primeiro-ministro italiano, que não se esquece dos "sacríficios inaceitáveis que foram pedidos aos gregos, na última crise financeira, para obterem créditos".
Conte censura, ainda, a posição da Holanda, que “com o seu ‘dumpling” fiscal atrai milhares de multinacionais, que para lá transferem as próprias sedes, e obtém fluxo massivo de receitas tributárias, roubadas a outros parceiros da União”. O primeiro-ministro italiano argumenta que os holandeses beneficiam dos parceiros comunitários, mas na hora de retribuírem retraem-se.
Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia. São estes os quatro países que resistem à emissão de “coronabonds” como uma das soluções para atacar a crise criada pela pandemia. A falta de reposta rápida a um problema urgente gera “desconfiança” nos italianos em relação a UE. “É indiscutível: deixaram a Itália sozinha. A desconfiança dos italianos da UE nasce no facto de nos termos sentido abandonados por países que tiram grandes vantagens de estar na União”, regista Conte, nesta entrevista ao “Suddeutsche Zeitung”.
A presidente da Comissão Europeia pediu desculpas, reconhecendo que “muitos não agiram a tempo quando Itália mais precisou, no início”. Um gesto apreciado pelo chefe de Governo italiano que espera a Europa acabe por “dar uma resposta”. “Estamos a viver o maior choque desde a II Guerra Mundial”, sublinha.
A Itália é um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19, aquele que regista maior número de óbitos até à data, com 23.660 mortos; é o terceiro com mais casos (178.972), apenas superado por Estados Unidos (761.991) e Espanha (200.210).