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Um refugiado yazidi a residir em Portugal acusa o Estado português de ter começado uma "guerra psicológica" contra ele.
Saman Ali começou segunda-feira uma greve de fome contra aquilo que considera ser "atraso" na atribuição do visto de residência permanente.
Segundo o iraquiano de 34 anos, as autoridades portuguesas fecharam-lhe "todas as portas" e estão a retardar a concessão do estatuto de protecção internacional.
Saman Ali chegou a 6 de Março de 2016 e foi viver para Guimarães, depois de um ano na Grécia, para escapar ao terror e à perseguição religiosa do autoproclamado Estado Islâmico. É o único refugiado yazidi que ainda está em Portugal.
Fonte do Ministério da Administração Interna disse à agência Lusa que o processo de asilo de Saman Ali "está em fase de conclusão e prestes a ser tomada a decisão final quanto à concessão do estatuto de proteção internacional", seguindo os procedimentos previstos na lei nacional de asilo e respetivos prazos.
"As autoridades forçaram-me a fazer isto [a greve de fome] de forma indirecta ao não me reconhecerem o direito de asilo como refugiado e o visto para residência permanente", explicou Saman Ali.
Segundo o iraquiano, a autorização de residência provisória de que era titular caducou a 15 de Novembro e, embora lhe tenha sido comunicado sexta-feira que aquela foi renovada, o homem afirmou sentir-se um "criminoso e ilegal" por ter estado quase duas semanas "sem qualquer papel" a residir em Portugal.
"Eu vejo-me como ilegal. Disseram-me que aqui é normal, que ninguém me ia pedir documentos, ou passaporte. Mas de acordo com a lei, ilegal é como criminoso e eu não posso aceitar isso", apontou aquele que é o último dos yazidi a residir em Portugal.
"Isto é estranho, não entendo porque as autoridades portuguesas começaram esta guerra psicológica contra mim, eu não sou nenhuma autoridade, não tenho nenhum poder, sou apenas uma pessoa", disse.
Saman Ali afirmou estar "sem esperança", acusando ainda o Estado português de o ter abandonado.
"Temos refugiados aqui que vieram pelo programa de recolocação e depois de chegarem, dois ou três meses, tiveram visto de residência permanente e sem educação, sem trabalho, nas mesmas condições do que eu. Porque é que lhes deram a eles e não a mim? Fecharam-me todas as portas. É muito estranho, não entendo", lamentou.
O iraquiano garantiu que levará a greve de fome até ao fim, até que lhe sejam concedidos o estatuto de proteção internacional e o visto de permanência: "Eu quero fazer alguma coisa, quero servir a sociedade portuguesa, quero estudar, quero fazer alguma coisa pelo meu futuro, mas ninguém me ouve, ninguém tem interesse", lamentou.
"Ou eu morro ou tenho alguma decisão oficial sobre o meu caso. Não quero viver sem esperança, sem direitos", avisou.