O Presidente da República afirmou esta quinta-feira que a sua participação no Fórum Mundial do Holocausto foi um sinal de solidariedade do povo português e de que o genocídio nazi não está esquecido e não se pode repetir. "Nós não esquecemos, isto não se pode repetir", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, num hotel de Jerusalém, após a cerimónia, alertando que o antissemitismo "pode estar a regressar de outras formas, com outros tipos de discriminações, e de racismo e de violência e de xenofobia nos tempos de hoje".
Portugal foi um dos cerca de 50 países representados no 5.º Fórum Mundial do Holocausto, o que segundo o chefe de Estado "significou a solidariedade do povo português relativamente aos seis milhões de vítimas do Holocausto".
Marcelo Rebelo de Sousa disse que a sua presença "também foi uma forma de lembrar, no sítio onde estão os justos, um justo como Aristides de Sousa Mendes, que salvou a vida de milhares e milhares de judeus que passaram por Portugal ou ficaram em Portugal". "Mas digamos que a mensagem mais forte era, neste momento, dizer: nós não esquecemos, isto não se pode repetir. Não pode haver agora, com radicalismos, com xenofobias, com racismos, com antissemitismos, a repetição da história de há cem anos", acrescentou.
Enquanto cônsul-geral em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, em 1940, emitindo vistos à revelia do Governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na miséria.
O 5.º Fórum Mundial do Holocausto, em Jerusalém, teve como lema "Lembrando o Holocausto, combatendo o antissemitismo", e contou com discursos, entre outros, dos presidentes de Israel, Reuven Rivlin, da Rússia, Vladimir Putin, da França, Emmanuel Macron, e da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e do vice-presidente dos Estados Unidos da América, Mike Pence.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, esta cerimónia foi "uma homenagem às vítimas do passado", mas, ao mesmo tempo, "o olhar para o futuro, no sentido de combater tendências do presente". "Não foi por acaso que o Presidente Macron e o Presidente Putin convergiram na ideia de que os cinco membros do Conselho de Segurança [da Nações Unidas] deviam tratar a sério desta questão, que pode estar a regressar de outras formas, com outros tipos de discriminações, e de racismo e de violência e de xenofobia nos tempos de hoje. Isso é muito significativo", considerou.
O chefe de Estado referiu que "até mesmo o Presidente alemão, ao, no fundo, apresentar as desculpas do povo alemão e a gratidão pela forma como foi recebido e hoje é recebido o povo alemão em democracia, também teve a mesma a tónica" e que essa "foi uma tónica presente em todos os discursos". "A comunidade internacional, as Nações Unidas, as grandes potências, mas todos nós não podemos esquecer o que se passou e temos de fazer tudo para evitar que se repita", reforçou.
No seu entender, apesar de não discursar neste Fórum Mundial do Holocausto, "Portugal passou a palavra", no encontro bilateral que teve com o Presidente israelita, Reuven Rivlin e nos contactos "com vários responsáveis políticos" que se proporcionaram nestes dias.