O jurista Lúcio Correia, especialista em direito desportivo, acredita que o caso dos e-mails está longe do fim, apesar de reconhecer uma "decisão histórica" do Tribunal Judicial da Comarca do Porto, que condenou o FC Porto a pagar ao Benfica uma verba a rondar os dois milhões de euros. Em declarações a Bola Branca, Lúcio Correia antecipa ainda um longo período até ao desfecho do caso.
"É uma decisão que fica para a história, porque tem a ver com uma matéria muito complicada, que é a reserva da vida pessoal dos clubes. Mas há ainda algumas matérias, do ponto de vista criminal e constitucional, que terão desenvolvimentos e, por isso, acho que estamos ainda longe do fim do caso", disse.
Lúcio Correia esclarece ainda que a decisão deste caso não representa um indicador para a esfera desportiva do caso dos emails.
"É uma decisão com contornos do ponto de vista criminal, mas que ainda terá interesse desportivo. As federações e instâncias desportivas podem tirar as suas ilações. É uma decisão importante porque nunca foram muito desenvolvidas no direito. Do ponto de vista desportivo, terá uma autonomia própria. A decisão de hoje não é um indicador do que quer que seja, porque o âmbito desportivo seguirá os seus próprios tramites. Não se pode encarar isto como uma vitória ou derrota. Vale o que vale", adiciona.
O FC Porto foi condenado a pagar ao Benfica uma verba a rondar os dois milhões de euros, no âmbito do caso dos e-mails. O juiz presidente do Tribunal Judicial da Comarca do Porto, José António Rodrigues da Cunha, anunciou, em conferência de imprensa que julgou "parcialmente provada" a acusação do Benfica.
Recorde-se que os encarnados reclamavam uma indemnização de 17,7 milhões de euros por danos provocados pela divulgação de mensagens de correio eletrónico de vários dirigentes e funcionários do Benfica. O FC Porto já anunciou que vai recorrer da decisão.