No período pós pandemia, uma possível retirada dos estímulos económicos europeus vai colocar em causa a recuperação dos Estados-membros, avisou esta manhã o primeiro-ministro.
António Costa falava na sessão solene comemorativa dos 175 anos do Banco de Portugal, em que participou Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu
“Uma retirada precoce dos estímulos sem a necessária flexibilidade ou gerando incerteza, colocará em causa a força desta recuperação”, defendeu o primeiro-ministro.
No seu discurso, o líder do executivo, que aproveitou para lembrar a trajetória de recuperação da economia portuguesa, acrescentou, ainda, que há uma dinâmica de convergência que não deve ser posta em causa.
“É que o PIB real português cresceu efetivamente acima do PIB europeu em 2017, 2018 e 2019, com taxas médias anuais de 3%. E registamos, como já vimos, uma nova dinâmica de convergência que importa agora não pôr em causa”, disse o chefe de Estado.
De acordo com o primeiro-ministro, a convergência foi alcançada "melhorando a sustentabilidade orçamental". "Reduzir o défice e a dívida não são um constrangimento. São um objetivo que articulamos com o aumento de investimento, salários, pensões, prestações sociais e a melhoria dos serviços públicos", referiu.
Numa mensagem mais política, António Costa reiterou a tese de que "são as contas certas que garantem a credibilidade internacional de Portugal, permitindo ao país ter poupado três mil milhões de euros juros da dívida anualmente face a 2015 e alcançar valores recorde no investimento contratado pela AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) em 2018, 2019 e, novamente, em 2021".
"Para que esta dinâmica não seja interrompida, não podemos deixar de referir um conjunto de desafios que continuamos a enfrentar", afirmou, antes de especificar alguns desses desafios.
Na perspetiva do líder do executivo, a União Bancária "não poderá permanecer incompleta, sob pena de impedir a materialização plena dos seus benefícios e de criar distorções na afetação de recursos entre economias, prejudicando aquelas, como a portuguesa, que têm uma escala menor".
"É necessário desbloquear o impasse em que nos encontramos em relação ao Sistema Europeu de Seguro de Depósitos, ainda que com passos graduais. Em paralelo, é imperioso prosseguir de forma decisiva com a União dos Mercados de Capitais, eliminando gradualmente as barreiras que persistem ao fluxo de capital transfronteiriço, nomeadamente pela harmonização das regras no espaço europeu e pelo reforço da transparência e da literacia", apontou.