Começou em Janeiro a “Caminhada pela Mudança”, uma iniciativa da Fundação Fé e Cooperação (FEC) inspirada na encíclica ecológica do Papa Francisco, “Laudato Si”.
Trata-se de uma jornada de sensibilização para que sejam cada vez mais os que tomam consciência da necessidade de adoptar hábitos de consumo que não tenham impacto negativo nas alterações climáticas, nem no modo de vida e desenvolvimento dos países mais pobres.
A iniciativa nasceu a partir de outra que a FEC tinha lançado há um ano e meio, o “Juntos pela Mudança - em defesa de estilos de vida mais sustentáveis”.
“Entre as actividades programadas já estava previsto irmos a pé a Fátima este ano”, diz Margarida Alvim, da FEC. Quando foi confirmado que o Papa visitaria a Portugal, a FEC quis aproveitar a oportunidade “para fazer uma caminhada com uma preparação especial”.
A “Caminhada pela Mudança” começou em Janeiro. A FEC lançou um guião com um tema e um desafio para cada mês, até Maio, para ajudar as pessoas a reflectir sobre o que podem mudar nos seus estilos de vida e de consumo, contribuindo dessa forma para mudar o planeta.
“É um guião muito simples, dividido por cinco capítulos, a partir dos próprios capítulos da encíclica ‘Laudato Si’. Em cada capítulo propomos a reflexão sobre um tema específico, ao nível da energia, da água, da alimentação, dos transportes e da participação em espaços públicos, que, no fundo, são bens que na ‘Casa Comum’ todos deveríamos ter acesso, mas não é a realidade que encontramos”, explica Margarida Alvim.
Pode-se participar dando vida às propostas a nível pessoal ou nas comunidades que cada um integre. Há gente a participar a partir de vários pontos do país e da Europa, cujas histórias têm sido partilhadas no Facebook da FEC.
A “Caminhada pela Mudança” culminará com um acampamento internacional na Associação Casa Velha, em Ourém, um espaço onde se promovem encontros e retiros em contacto com a natureza.
O acampamento, que terá representantes de cinco países da CIDSE (a rede de agências católicas para o desenvolvimento), vai decorrer entre 9 e 12 de Maio. No final, os participantes irão a pé até Fátima.
A experiência, diz Margarida Alvim, ajudará a perceber “o que é isto de um estilo de vida mais sustentável, pela simplicidade, pela partilha, pelo encontro e o diálogo entre pessoas tão diferentes”.
“Será um momento, sem dúvida, especial para preparar a vinda do Papa Francisco, com toda esta experiência destes meses e deste acampamento”, remata.
Um dia com apenas um balde de água
A “Caminhada” tem uma parte de reflexão e outra de atitudes concretas. “Em Fevereiro o tema foi o da água, e o guião da FEC sugeriu uma viagem por algumas realidades do mundo que tocam este tema”, exemplifica. Um dos desafios foi “experimentar um dia tomar banho só com a água que temos de um balde, que é o que acontece em muitos pontos do mundo.”
Em Janeiro o tema foi o da energia, e o desafio foi outro: “Foi fazermos o nosso ‘acordo de Paris’. Ver como seria na nossa casa fazermos um acordo quanto ao clima, para gerir melhor os gastos de energia e da água.”
Em Março o tema será o da alimentação, em Abril o dos transportes, “para pensarmos melhor e gerirmos melhor as nossas deslocações”. Em Maio será o dos espaços públicos: “pensar como nós temos este privilégio de poder participar, por exemplo, em eleições, e como isso ainda não é acessível em tantos países do mundo.”
Entre os desafios lançados pela FEC está ainda o de fazer quilómetros pela mudança. “Durante estes meses, até Maio, podermos percorrer a pé, de bicicleta ou transportes públicos, alguns quilómetros que simbolicamente nos unem a esta causa. É como se fosse uma prova de estafetas – percorro um quilómetro a pé e, no final, encarrego-me de divulgar o guião a alguém, ou faço uma reflexão com um grupo, e vamos acumulando quilómetros por esta causa”.
As inscrições para o acampamento estão abertas até 31 de Março e para a Caminhada até ao fim de Abril.
A “Caminhada pela Mudança” é uma iniciativa em parceria com a Associação Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade e a CIDSE (rede de agências católicas para o desenvolvimento de 17 países da Europa e América do Norte), e tem o apoio do Instituto Camões.
Este foi um dos temas do espaço informativo das 12h00 na Renascença, em que às segundas-feiras damos destaque aos assuntos sociais, de solidariedade e ligados à vida da Igreja.