O presidente da Câmara de Coimbra diz não temer que, a concretizar-se, o protesto que leve ao corte da A1 e da Linha do Norte venha a ser considerado um crime.
"Um crime é aquilo que está a ser feito no IP3", diz o autarca à Renascença, depois de ter ameaçado promover o corte da A1 e o bloqueio da circulação de comboios na Linha do Norte, se o Governo não transformar o IP3, na totalidade, em auto-estrada.
José Manuel Silva desafia os autarcas das regiões de Coimbra e de Viseu a avançarem com o protesto: "Eu acredito que só com o processo de luta coletiva de todos os autarcas desta região é que nós conseguiremos pôr o IP3 aquilo que já foi feito em todas as outras regiões do país, que é a sua transformação em autoestrada."
"O diálogo não se tem conseguido rigorosamente nada", alega o autarca, defendendo que o protesto "teria de se repercutir na linha do Norte, na linha ferroviária, na autoestrada A1, bloqueando o trânsito para que o Governo olhe com outros olhos e com outro respeito para esta região".
O protesto só ainda não avançou, por não haver consenso entre todos os autarcas. "Já tivemos reuniões mas ainda não há uma unanimidade no sentido de se tomarem intervenções mais assertivas na defesa da transformação do IP3 em autoestrada. E é por isso que ainda nada aconteceu", revela.
"Coimbra está disponível para ir na linha da frente desta luta, se for necessário".
"Há pessoas a morrer por causa do perigo desta estrada. Então estão a ser cometidos crimes por parte de quem não olha para esta autoestrada no sentido de corrigir os seus pontos perigosos que não vão ser corrigidos."
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, já disse à agência Lusa que os 75 quilómetros que ligam Coimbra e Viseu pelo IP3 vão ter perfil de autoestrada em 85% do traçado, nma obra que deverá estar concluída em 2027.
José Manuel Silva, no entanto, garante que a solução não vai resolver o problema da elevada sinistralidade naquele traçado, visto que "o problema está nos 15% que não vão ser requalificados e que vão continuar perigosos e onde vai aumentar o risco de acidentes".
"Nalgumas zonas já há duplicação das faixas com o alegado perfil da autoestrada e que depois desemboca em gargalos extraordinariamente perigosos, onde os automobilistas vão naturalmente chegar com maior velocidade. Portanto, a falácia do perfil da autoestrada em 85% não resolve nenhum dos pontos perigosos da IP3", esclarece.