Cerca de 35 mil portugueses morrem anualmente por doenças cardiovasculares, que continuam a ser a principal causa de morte e representam um terço de toda a mortalidade da população em Portugal.
No Dia Mundial do Coração, que se assinala esta sexta-feira, as associações ligadas à cardiologia recordam que as doenças cardiovasculares continuam a ser a primeira causa de morte em Portugal, apesar de pelo menos 80% das mortes prematuras por estas patologias poderem ser evitadas.
A Fundação Portuguesa de Cardiologia sublinha que muitas mortes precoces podiam ser prevenidas através do controlo dos quatro principais fatores de risco: tabagismo, alimentação indevida, falta de exercício físico e abuso de álcool.
Das 35 mil mortes calcula-se que 20 mil sejam por acidentes cerebrovasculares e mil por enfartes do miocárdio.
"A tendência dos últimos anos mostra uma ligeira redução dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e uma estabilização do número de enfartes do miocárdio", refere a Fundação Portuguesa de Cardiologia, numa mensagem a propósito do Dia do Coração.
Contudo, mais de metade da população portuguesa entre os 18 e os 79 anos apresenta, pelo menos, dois factores de risco para a doença cardiovascular.
Mais de metade da população adulta tem excesso de peso, 40% sofre de hipertensão, 30% tem o colesterol muito elevado e um quarto da população é fumadora, segundo dados da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
Além dos AVC e dos enfartes do miocárdio, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia destaca a insuficiência cardíaca como uma das doenças a combater.
Tornar a insuficiência cardíaca uma prioridade
Perto de meio milhão de portugueses sofre de insuficiência cardíaca, um problema que esta sociedade científica considera que deve passar a ser uma prioridade nacional.
João Morais, cardiologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, considera que é necessário "mudar o paradigma" na área da cardiologia e tornar a insuficiência cardíaca uma prioridade, tal como se fez há cerca de duas décadas para o enfarte do miocárdio, com resultados positivos ao nível da redução da mortalidade.
"Quando hoje analisamos as doenças cardiovasculares é claro que temos um percurso de sucesso nos últimos dez anos. Muito provavelmente isso deve-se ao sucesso que Portugal teve no enfarte do miocárdio. Foi uma grande prioridade da cardiologia portuguesa nos últimos 20 anos. Estamos na altura de mudar o paradigma", afirmou o especialista em entrevista à agência Lusa.
"É um seríssimo problema do mundo inteiro", refere o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que assume a insuficiência cardíaca como a pandemia do século XXI.
A Direcção-Geral de Saúde apresenta esta sexta-feira o relatório do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares e o projecto-piloto relativo aos exames complementares de diagnóstico de cardiologia nos cuidados de saúde primários.
Portugal vai ter um programa nacional de reabilitação cardíaca. O objetivo é reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida de quem tem um enfarte.
Neste momento só 8% dos doentes fazem reabilitação, mas em três anos devem ser 30%.