A saída dos Estados Unidos da América do Acordo de Paris e a urgência no combate às alterações climáticas trouxe esta quarta-feira ao palco central da Web Summit Christiana Figueres, a costa-riquenha tida como uma das responsáveis pelo tratado subscrito por quase todos os países do mundo em 2015.
De discurso ligeiro, Christiana comparou o caminho da descarbonização da sociedade e da economia a uma autoestrada em que cada um segue no seu veículo, ao seu ritmo, uns mais depressa, outros mais devagar. Nesse contexto, os Estados Unidos são “o carro parado na berma”.
“Tem luzes cor-de-laranja, está ali parado e todos olham. Não olhem”, apelou Christiana, considerando que o mais importante é que todos continuem a seguir o seu caminho.
Em jeito de desabafo com a plateia, acrescentou: “Isto não vai continuar para sempre na Casa Branca.”
Figueres destacou ainda que, “apesar de os Estados Unidos estarem a abandonar o Acordo de Paris, 60% da economia está a descarbonizar-se”.
Christiana Figueres, que é também a líder da marca Global Optimism, um movimento que pretende transformar o pessimismo em otimismo, deixou também uma mensagem de não culpabilização dos combustíveis fósseis e dos dirigentes anteriores.
“Não é preciso culpar os combustíveis fósseis. É agradecer pelo desenvolvimento que nos proporcionaram, deixá-los ‘reformar-se’ e passar ao seguinte”, defende.
Figueres explicou ainda que o que está em causa não é a salvação do planeta. “O planeta vai continuar a existir, possivelmente de forma muito diferente. A questão é: será que nós vamos continuar a ter condições de viver aqui?”
Quanto à pergunta central desta conferência – “Será demasiado tarde para salvar o mundo?” – Figueres não deu uma resposta direta, mas fez questão de sublinhar: “Estamos a ficar sem tempo e por causa disso temos de olhar para as mudanças sustentáveis de cima para baixo e de baixo para cima.”