O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou esta quarta-feira que a "informação de que poderá ter sido um míssil da Jihad Islâmica" a provocar a explosão de terça-feira num hospital de Gaza "parece ser uma ideia bastante consolidada".
"Ouvimos explicações muito detalhadas nesta manhã por parte das forças israelitas de defesa. Nós não temos informações próprias nossas. No entanto, a informação de que poderá ter sido um míssil da Jihad Islâmica parece ser uma ideia bastante consolidada", declarou João Gomes Cravinho aos jornalistas, em Namur, na Bélgica.
Interrogado se dá como afastada a possibilidade de ter sido um míssil de Israel a atingir o Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza, o ministro respondeu: "Eu não tenho nenhuma informação concreta. Ouvi uma explicação muito detalhada por parte das forças de defesa de Israel, que aponta para um míssil da Jihad Islâmica. Não tenho conhecimento de nenhuma informação concreta em relação à possibilidade de ser um míssil israelita".
O ministro dos Negócios Estrangeiros, que se encontra na Bélgica a acompanhar a visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou a lamentar a morte de centenas de pessoas no ataque aéreo que atingiu este hospital.
"É uma situação absolutamente trágica", considerou.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo Hamas, culpa as Forças Armadas de Israel por este ataque.
Israel negou a responsabilidade pelo ataque e atribuiu a explosão a um disparo falhado do grupo Jihad Islâmica.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português voltou a apelar a "que não haja mortes civis" neste conflito e, "em simultâneo, que sejam libertados os reféns que estão atualmente nas mãos do Hamas".
Segundo o ministro, estas "são vontades da comunidade internacional como um todo", que espera que "se cumpram muito rapidamente".
Interrogado se a União Europeia não devia estar pedir um cessar fogo, Cravinho defendeu que "aquilo que se passou no hospital é uma consequência da conflagração que começou com os massacres perpetrados pelo Hamas, os ataques terroristas" de 07 de outubro em território israelita.
"O que nós temos vindo a dizer é que as forças israelitas têm o direito, e eu diria, o dever, de eliminar a ameaça militar. Isso deve, no entanto, ser feito sempre de acordo com o direito internacional humanitário", acrescentou.
Questionado sobre como é que isso poderá acontecer, o ministro respondeu que "em guerra é evidente que depois há sempre vítimas civis", mas que todos devem fazer "o máximo esforço para que não haja vítimas civis".
Sobre a situação da população em fuga do norte de Gaza, com bombardeamentos constantes, disse que "é fundamental haver corredores para a evacuação".
A atual guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada pelo ataque do grupo islamita em território israelita em 07 de outubro, que as autoridades de Telavive disseram ter provocado 1.400 mortos.
Desde então, Israel cercou a Faixa de Gaza e prometeu aniquilar o Hamas, que controla o enclave com 2,3 milhões de habitantes.