O medicamento para o cancro da mama avançado, disponível no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as mulheres pós-menopausa, será em breve comparticipado também para as mulheres mais jovens.
A garantia é dada à Renascença pelo presidente do Infarmed, que rejeita as acusações feitas pela médica oncologista Fátima Cardoso, segundo a qual a Autoridade do Medicamento (Infarmed) estaria a negar o acesso daquelas mulheres a ao fármaco.
“São acusações inusitadas e que eu refuto totalmente e considero muito graves”, começa por dizer Rui Ivo. “Aliás, julgo que merecem ser até averiguadas do ponto de vista disciplinar, porque elas não correspondem à verdade”, reforça.
Segundo o presidente do Infarmed, o medicamento em causa (o Ribociclib) foi primeiro indicado “para as situações de cancro da mama pós-menopausa”.
“Os medicamentos têm primeiro uma autorização de introdução no mercado – no caso desse medicamento teve uma autorização para a primeira indicação, que foi para o cancro pós-menopausa – mais tarde, a Agência Europeia [do Medicamento] deu a segunda indicação para situações peri e pré-menopausa e é essa segunda indicação que está em avaliação”, explica.
“Portanto, a breve trecho, o processo estará concluído e o medicamento também estará disponível”, avança ainda.
Nas declarações à Renascença, Rui Ivo afirma ainda que as mulheres mais jovens não estão a ser marginalizadas, dado que existem alternativas no mercado “para as mesmas situações que estão a ser referidas”.
“São medicamentos que têm as mesmas indicações, portanto, temos um medicamento disponível. Não faz sentido vir falar de um outro medicamento sem referir que existe uma alternativa que pode ser utilizada pelas mulheres a quem for prescrito. Esse medicamento, que é o Palbociclib, está disponível no SNS já há algum tempo”, destaca.
Quanto ao medicamento que está agora em avaliação, após segunda indicação da Agência Europeia do Medicamento, “ontem mesmo a própria empresa que detém o fármaco entregou no Infarmed uma proposta relativamente às condições de acesso ao SNS”.
“Portanto, estamos a avaliar dentro da normalidade, mas sabendo que neste caso existem medicamentos alternativos disponíveis”, salientou ainda.
É a resposta do presidente da Autoridade do Medicamento à acusação de uma médica oncologista que, em entrevista à agência Lusa, acusa o Infarmed de estar a “sonegar às mulheres jovens com cancro da mama avançado uma classe de medicamentos que aumenta a sua sobrevida”.
A situação foi depois confirmada à Renascença pelo presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos, Luís Costa, segundo o qual “é óbvio que o acesso não está a ser por igual e é óbvio que é uma situação que tem de ser resolvida”.