A atriz Sara Barros Leitão é a vencedora da primeira edição do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II, no montante de 5 mil euros, foi anunciado esta terça-feira na sala Garrett, deste teatro, em Lisboa.
O galardão é uma parceria do Teatro Nacional D. Maria II e do grupo segurador, tem caráter anual e visa reconhecer e promover talentos emergentes, com idades até 30 anos, nas várias áreas ligadas ao teatro, cujos trabalhos se tenham destacado no ano anterior.
A escolha do premiado, que abrange outras áreas ligadas ao teatro, como cenografia ou dramaturgia, é feita por um júri composto por profissionais das artes dramáticas. O júri desta edição contou com 15 elementos e foi presidido pelo encenador Carlos Avilez.
“A grande qualidade artística de Sara Barros Leitão e a coerência em todas as suas atitudes, fazem dela a vencedora da 1.ª edição do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II, e são motivo de orgulho para todos nós”, frisou Carlos Avilez, presidente do júri desta edição do prémio, dando os parabéns à atriz.
“Sara Barros Leitão é uma artista que já provou e continuará a provar tudo aquilo que dela se espera”, frisou o ator e encenador que se estreou como ator no D. Maria II, do qual também já foi diretor artístico. Carlos Avilez dirige atualmente o Teatro Experimental de Cascais (TEC), de que foi um dos fundadores, em 1965.
Albano Jerónimo, Álvaro Correia, Beatriz Batarda, Catarina Barros, Cristina Carvalhal, Inês Barahona, John Romão, José António Tenente, Marta Carreiras, Mónica Garnel, Nuno Cardoso, Rui Horta, Rui Pina Coelho e Tónan Quito completaram o júri que premiou Sara Barros Leitão.
Sara Barros Leitão recebeu, hoje, o prémio das mãos do diretor executivo para a Europa continental do Grupo Ageas, Steven Braekeveldt, numa cerimónia realizada na sala Garrett.
Atriz cria Clube de Leitura Feminista
Um Clube do Livro Feminista intitulado “Heroides” é o projeto que Sara Barros Leitão vai desenvolver ‘online’ em 2021, para o qual convidará 12 participantes que debaterão outros tantos livros, revelou a atriz à agência Lusa, à margem da cerimónia em que foi anunciada como a galardoada com o I Prémio Revelação Ageas D. Maria II, realizada hoje na sala Garrett, deste teatro nacional, em Lisboa.
“Heroides - Clube do Livro Feminista” pretende ser uma comunidade de leitores gratuita e aberta a todos que se queiram inscrever, a decorrer no último sábado de cada mês, adianta a atriz, considerando o projeto "muito importante" para "atribuir um lugar de fala a quem não o tem".
Através deste clube, a atriz sublinha que vai poder “convidar 12 pessoas a ocuparem os seus lugares de fala e a partilharem 12 livros que achem que são completamente fundamentais” para lerem em conjunto.
Apesar de se mostrar “muito feliz” por ter sido contemplada com um prémio “que lhe foi atribuído por pares, e que, portanto, tem um sabor ainda mais especial”, a atriz revelou também “algum espanto e perplexidade” por ter sido a premiada.
O facto de ter sido escolhida deixa-a “muito feliz, e um bocadinho com mais certeza, dentro de todas as inseguranças normais, de que o caminho” que tem trilhado, as suas escolhas, a sua intuição, o seu trabalho e a sua integridade “são reconhecidas”. “E isto dá-me mais força para o futuro”, assegurou.
"Visibilidade nacional"
Em declarações à agência Lusa, a presidente do conselho de administração do D. Maria II, Cláudia Belchior, frisou a “importância muito especial” que o galardão assume para a instituição que dirige, uma vez que, “desde o início, tem apostado em aprofundar trabalho com novos profissionais, novos valores, quer junto de universidades quer de todos os profissionais que se dedicam ao teatro”.
Recém-reconduzida no cargo, Cláudia Belchior realçou ainda o facto de o prémio ter um montante pecuniário, o que “permite aos jovens profissionais apresentarem e pensarem os seus trabalhos de uma forma diferente”, já que se encontram sempre “a correr contra o tempo”, dando-lhes uma “visibilidade nacional, e permitindo-lhes apresentar os trabalhos noutros teatros”.
Claudia Belchior mostrou-se ainda “muito contente, muito feliz”, pela atribuição do prémio a Sara Barros Leitão, considerando-a “uma atriz e criadora extraordinária”, e “muito multifacetada”.
“É mesmo um dos raros talentos, tem ali um brilho especial”, observou, enfatizando ainda a luta que a atriz tem encetado e as posições públicas que tem assumido pela dignificação do trabalho da mulher e pela melhoria das condições de trabalho dos artistas.
O facto de terem trabalhado de perto com a atriz na peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, um texto e encenação de Tiago Rodrigues, diretor artístico do D. Maria II que, na semana passada, também foi reconduzido no cargo para o próximo triénio, constitui igualmente "uma felicidade" para Cláudia Belchior.
Nascida no Porto, em 1990, Sara Barros Leitão tem um percurso artístico na área do teatro, cinema e televisão. Atriz, encenadora, assistente de encenação contam-se entre as funções que tem desempenhado.
Teatro Experimental do Porto, o Teatro Municipal do Porto - Rivoli, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional São João e o Teatro do Vestido são algumas das companhias com quem tem colaborado.
Feminista e ativista assumida, a atriz tem-se envolvido também em lutas pelos direitos dos artistas, contra as desigualdades e injustiças sociais.
A atriz, que apresentou o primeiro trabalhgo próprio no D. Maria em 2019, “Teoria das Três Idades”, já foi dirigente da Plateia – Associação de Profissionais das Artes Cénicas.