Covid-19. “Não há vontade de confinar”, revela Iniciativa Liberal
23-11-2021 - 12:54
 • Manuela Pires , Cristina Nascimento , Marta Grosso , Lusa

O primeiro-ministro começou a ouvir os partidos com assento parlamentar sobre as medidas a tomar para combater a quinta vaga da pandemia de Covid-19. Saiba o que disseram à saída da reunião.

O deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, revela que o Governo não pretende voltar a confinar nem limitar as atividades económicas.

“Não há vontade de confinar, limitar horários e lotações”, disse aos jornalistas, à saída da reunião com o primeiro-ministro, António Costa.

"A situação pandémica é muito diferente, a cobertura vacinal é muito diferente, a informação das pessoas é muito diferente do que era há um ano, portanto, as medidas não podem ser as mesmas e, nesse sentido, estamos satisfeitos que não haja vontade de confinar atividades económicas, alterar horários, de limitar lotações, mas isso não também não pode levar ao ponto de exigir testes feitos à porta ou com menos de 24 ou 48 horas para uma série de atividades que devem ser os próprios promotores dos eventos a decidir", afirmou Cotrim Figueiredo.

Chega. "Governo não se inclina para uso de máscara na rua"

Já o deputado do Chega, André Ventura, revelou que o "Governo não está inclinado para o uso de máscara na rua".

"Ficámos com a ideia de que o Governo poderá vir a exigir, em alguns espaços, por exemplo discotecas, ou bares, ou grandes eventos com grande presença massiva de pessoas, por exemplo eventos desportivos, dois instrumentos de controlo cumulativos: uso de certificados e o teste obrigatório até 48 horas antes", disse também André Ventura.

Verdes pedem reforço de profissionais de saúde

Já o partido ecologista Os Verdes exige um reforço dos profissionais de saúde não só para a terceira dose da vacina, mas para os restantes serviços. A deputada Mariana Silva reforçou que não defendem o encerramento das atividades, nem redução de horários. A deputada alertou ainda para a sobrelotação nos transportes públicos.

"Consideramos que é necessário continuar a normalizar os nossos dias, tendo uma forte comunicação no que diz respeito às medidas que temos de continuar a tomar, de uso de máscara, de arejamento dos espaços", começou por defender.

Na perspetiva da deputada de "Os Verdes", para que estas medidas de proteção possam ser tomadas é necessário "continuar e reforçar a fiscalização dos locais do trabalho", além de reforçar "os transportes públicos e o SNS".

PAN defende testes “para que haja confiança em espaços fechados”

O uso de máscaras pode ser obrigatório nos estádios de futebol, para além das discotecas e concertos, revela a líder do PAN. Inês Sousa Real diz que o primeiro-ministro revelou “uma preocupação relativamente ao uso da máscara nos diferentes contextos, seja por exemplo no caso dos estádios de futebol, dos concertos, as discotecas, em espaços fechados”.

“Mas, volto a reforçar, é fundamental que se garanta a testagem, que ela seja universal, para que haja confiança das pessoas em espaços fechados, para que haja também confiança das pessoas quando têm de aceder, por exemplo à restauração, ao comércio ou a qualquer outro tipo de serviços”, defendeu a deputada.

Quanto à vacinação dos menores de 12 anos, o Governo considera que é preciso ter cautela. “Aquilo que percebemos é que há sensibilidade do Governo, pelo menos, perante o que o PAN expos, relativamente à preocupação de que, não existindo ainda um consenso científico, é uma situação que terá de ser analisada com toda a cautela e sem precipitações”, afirmou a líder do PAN.

A dois meses das eleições legislativas, o Partido Pessoas Animais Natureza avisou ainda o Governo para a necessidade de preparar o dia das eleições e garantir o voto antecipado.

“Não nos podemos esquecer que é fundamental garantir que existe o desdobramento das mesas e que existe uma preparação atempada, como é o caso da antecipação do direito de voto, para que não haja uma falta de adesão às urnas e que não haja também níveis de abstenção”, sustentou.

CDS. Idosos são prioridade na vacinação contra a Covid-19

O líder do CDS diz que, para já, o Governo não tem nada planeado quanto à vacinação dos mais novos e que sai da reunião com a certeza de que a prioridade até ao Natal é vacinar os mais idosos com a terceira dose.

“A maior incidência do vírus ocorre precisamente nessa janela, dos 5 aos 11 anos. No entanto, por se verificar também que a letalidade é quase zero nessas faixas etárias e que resultam, na maior parte dos casos em doença assintomática, entendeu-se, na opinião do Governo, seguir a prioridade dada aos grupos que são mais vulneráveis ao vírus, isto é, até ao Natal, o compromisso que o Governo fez também com o CDS é que iria priorizar a terceira dose da vacina aos grupos dos mais idosos”, afirmou aos jornalistas.

Francisco Rodrigues dos Santos diz ainda que não são necessárias medidas restritivas e que a situação atual da pandemia não pode levar a histerias nem alarme social.

PCP. Governo não vai avançar com restrições significativas

Jerónimo de Sousa diz que a ideia com que ficou da reunião com o primeiro-ministro é que o Governo não vai avançar com “restritivas significativas” para travar o aumento dos contágios.

“Ficámos com a ideia de que deve haver a nossa própria defesa de evitar o contágio, mas seria profundamente negativo, particularmente em relação a alguns setores económicos que existissem restrições muitas vezes, como aconteceu, mal explicadas e que neste quadro parece claro que desta vez não vamos ter”, afirmou o secretário-geral do PCP.

Sobre o tema vacinação, Jerónimo de Sousa diz que a prioridade do Governo nesta altura é o reforço da vacinação para os maiores de 65 anos de idade.

Quanto às crianças até aos 11 anos, nada está definido, mas o líder comunista considera que é uma medida a ter em conta.

“Sendo pouco a infeção nestas idades pequenas, não é muito perigoso para eles, mas acabam por transmitir à família e a quem os rodeia. Portanto, é uma consideração de grande pertinência e de grande atualidade a que é preciso responder”, afirmou aos jornalistas.

BE. SNS tem de manter cuidados não-covid

Catarina Martins deixou um alerta ao primeiro-ministro: diz que o Serviço Nacional de Saúde está muito fragilizado, com falta de meios e não é possível voltar a descurar os cuidados não-covid.

“É preciso um reforço claro dos profissionais e dos meios, das condições no Serviço Nacional de Saúde para que respondam a esta onda, a este crescimento do número de casos, mas também para que continuem e retomem cuidados não-covid”, defendeu a coordenadora do Bloco de Esquerda aos jornalistas, no final da reunião com o Governo.

“Se no início desta pandemia, face a uma doença que era largamente desconhecida, se parou durante algum tempo os cuidados não-covid para concentrar o Serviço Nacional de Saúde na resposta Covid, neste momento não é possível continuar com essa estratégia”, reforçou.

Catarina Martins mostrou-se ainda apostada no reforço de vacinação como a arma que pode controlar esta nova vaga da pandemia.

“A vacinação, já sabíamos, não impede a transmissão, mas impede em larga medida a doença grave, é isso que se tem verificado e, portanto, se a indicação é que tem de existir reforço de vacinação, que se alargue esse reforço de vacinação, que se continue esse reforço. Parece-nos o melhor instrumento que Portugal tem, aliás, como a população que tem aderido a esse processo”, afirmou.

O Bloco de Esquerda fechou a ronda de audiências do Governo com os partidos com assento parlamentar a propósito das medidas a tomar para enfrentar a quinta vaga da pandemia de Covid-19.

Na quarta-feira, são recebidos o PSD e o PS.

Além de António Costa, participam nestas reuniões com os representantes dos partidos a ministra de Estado e da Presidência Mariana Vieira da Silva, a ministra da Saúde, Marta Temido, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.


[Notícia atualizada às 19h15]