A Arábia Saudita e a China estavam entre os 20 governos estrangeiros que gastaram pelo menos 7,8 milhões de dólares no total em empresas e propriedades de Donald Trump, entre 2017 e 2021, enquanto este ainda era Presidente dos EUA, de acordo com um relatório divulgado pelos democratas do Congresso esta quinta-feira, citado pelo jornal Financial Times.
O governo da China e as entidades estatais foram os que mais gastaram nas propriedades do ex-presidente. O relatório de 156 páginas revela pagamentos de 5,5 milhões em instalações nas propriedades de Trump em Nova Iorque, Washington e Las Vegas. Já no caso da Arábia Saudita e da sua família real, o relatório aponta que gastaram montantes que rondam os 600 mil dólares.
O relatório refere ainda que além da China e da Arábia Saudita, entidades ligadas à Turquia, República Democrática do Congo, Malásia, Albânia e Kosovo também gastaram dinheiro nos hotéis e apartamentos de Trump.
Segundo o documento, o Qatar terá gasto mais de 460 mil dólares e o Kuwait mais de 300 mil. A investigação baseia-se em documentos obtidos da Mazars, a antiga empresa de contabilidade de Trump.
O Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes Democratas estima que estes pagamentos, que revelam como Trump terá lucrado pessoalmente durante a sua presidência, sejam apenas uma parte dos pagamentos feitos ao próprio e à sua família durante este período.
De acordo com Jamie Raskin, o principal democrata da comissão de supervisão da Câmara dos Representantes e um dos administradores da Câmara durante o segundo julgamento de destituição de Trump, os números abrangiam apenas dois dos quatro anos da sua presidência e um pequeno número dos seus negócios.
"Ao elevar os seus interesses financeiros pessoais e as prioridades políticas de potências estrangeiras corruptas acima do interesse público americano, o ex-presidente Trump violou os comandos claros da Constituição e o precedente cuidadoso estabelecido e observado por todos os comandantes-chefes anteriores", acusou Raskin.
"É verdade que 7,8 milhões de dólares são, quase de certeza, apenas uma fração da colheita de dinheiro ilegal de um Estado estrangeiro por parte de Trump, mas este valor, por si só, é um escândalo e um estímulo decisivo para a ação", acrescentou.
De relembrar que, depois da vitória em 2016, Trump não se afastou dos negócios pessoais ao assumir a presidência dos EUA e, pouco tempo depois da sua eleição, o Congresso já investigava o risco de conflito de interesses, perante possíveis violações da cláusula de emolumentos da Constituição dos EUA.