Especialistas em Medicina Interna do Hospital Amadora-Sintra estão a apresentar pedidos de dispensa ao trabalho extraordinário além das 150 horas previstas na lei.
Até ao início da tarde desta terça-feira, cerca de 40 médicos já tinham manifestado a recusa ao trabalho extra além das 150 horas.
Fonte hospitalar diz à Renascença que os pedidos continuam a chegar.
A administração do Hospital Amadora-Sintra diz que está à procura de uma solução em conjunto com a Direção Executiva do SNS e com o Ministério da Saúde para garantir a capacidade de resposta do Serviço de Urgência, que serve os concelhos de Amadora e de Sintra, ou seja, a maior área geográfica da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, também confirmou esta situação, sublinhando que a "manifestação de indisponibilidade" por parte dos médicos representa "uma segurança para os doentes".
"Estes médicos, muitos deles, já ultrapassaram nestes seis meses as 200, 250, 300 horas (...) trabalharam mais 30, 35 dias úteis, além daquilo que é o seu trabalho", salientou Roque da Cunha, lembrando que há cerca de oito meses os chefes de equipa do Serviço de Urgência de Medicina deste hospital Fernando da Fonseca apresentaram a demissão, por considerarem estar em causa a qualidade assistencial e a segurança dos utentes.
O dirigente sindical adiantou que estes médicos, além da urgência externa, têm de garantir a urgência interna, sendo que, muitas vezes, estão entre 80 a 100 doentes no Serviço de Observação, porque não têm lugares nos serviços respetivos de Medicina.
Roque da Cunha lamentou que não haja "um sinal claro" por parte do Governo de criar condições de fixação dos médicos, lembrando que depois de estarem mais de um ano em negociações com a tutela, o processo negocial tenha terminado no dia 30 com "uma proposta inaceitável" para os sindicatos.
"Portanto, mais uma vez, quando a realidade se confronta com a propaganda, a realidade ganha sempre. O que isto quer dizer é que, apesar de estes médicos terem 18 horas no seu horário de trabalho normal para fazer os serviços de urgência, haverá muitos dias e muitas noites onde o Serviço de Urgência de Hospital Fernando Fonseca estará encerrado".
"Estando encerrado, vai criar pressão sobre todos os outros serviços da Área Metropolitana de Lisboa de Medicina Interna", disse, recordando que os chefes de equipa do Hospital Garcia da Orta, em Almada, do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, mantiveram os seus pedidos de demissão, o que, vincou, "quer dizer que a situação se tem vindo a degradar e, como nada está a ser feito em termos efetivos, infelizmente, a situação vai se agravar em vez de melhorar".
[notícia atualizada]