A Turquia já acolheu 3,6 milhões de refugiados sírios, recebendo apoio da União Europeia e das Nações Unidas, mas a coordenadora residente da ONU para a Turquia defende que a responsabilidade tem de ser assumida por todos os países.
“Existem, neste momento, na Turquia 3,6 milhões de sírios refugiados. Estão no estatuto de proteção temporária”, disse à Lusa Irena Vojacková-Sollorano, à margem da conferência Perspetivas sobre as Migrações: Ação Política e Compromisso Cívico – Fórum Portugal-Alemanha, que decorreu esta segunda-feira no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
O número, admitiu a responsável, representa “um fardo pesado” para o Governo turco, mas constitui uma lição para todos os países.
“Não há alternativa. Quando um país enfrenta uma situação destas, tem de fazer face aos desafios o melhor que puder”, defendeu Irena Vojacková-Sollorano.
“Muitos países europeus recusaram-se a lidar com a situação”, lembrou a coordenadora das ONU para a Turquia, defendendo, no entanto, que agora todos têm de assumir as suas responsabilidades.
O acordo entre a Turquia e a União Europeia, assinado em 2016 e que determinou o acolhimento pela Turquia de refugiados sírios em troca de um apoio financeiro de 3.000 milhões de euros, dá responsabilidades à Turquia, mas não resolve a situação.
“Todos os países assinaram a Convenção dos Refugiados e têm responsabilidade de cuidar dos refugiados quando chegam às suas costas”, sublinhou Irena Vojacková-Sollorano.
A solução final desejada será, eventualmente, o regresso dos sírios ao seu país, cenário que a coordenadora das Nações Unidas não acredita estar para breve.
O regresso dos sírios ao seu país é “o sonho de todos os refugiados”, mas, até agora, isso não aconteceu, com exceção de poucos casos.
“Claro que o desejo de qualquer refugiado é voltar para casa. Mas a Síria não está em condições de receber as suas pessoas, quer por uma questão de segurança, quer pela questão política”, adiantou, explicando que, por isso, a solução é integrar as pessoas.
“A Turquia deixou muito claro que nunca forçará os refugiados a regressarem”, por isso, o país “está a alojar um grande número de refugiados, integrando-os na sociedade, ensinando-lhes a língua, e dando acesso ao mercado de trabalho e ao sistema de ensino”, explicou.
“Um esforço muito pesado, mas que as Nações Unidas estão a apoiar” e pelo qual a Turquia recebe um financiamento da União Europeia, com base no acordo de 2016, que visou conter a chegada de mais refugiados à Europa, no auge da guerra da Síria.
A integração é real na Turquia, assegura Irena Vojacková-Sollorano, sublinhando que o facto de os refugiados não viverem em campos, mas sim em “acomodações privadas” facilita, já que “as pessoas vivem nas entre comunidades”.