O presidente do CDS acusou esta segunda-feira o Governo de não estar a fazer chegar à economia os apoios para atenuar os efeitos da covid-19 e pediu “um plano de desconfinamento à inglesa” para cada setor de atividade.
Francisco Rodrigues dos Santos reuniu-se, num estabelecimento no centro histórico de Tomar, com micro e pequenos empresários, denunciando o que disse ser a “propaganda do Governo” e assegurando que “as linhas de apoio não estão a chegar à economia”, além de serem “altamente burocráticas e demoradas”.
Citando o caso de uma proprietária que recebeu da Segurança Social uma ajuda inferior ao valor que tem de pagar no final do mês, o líder centrista pediu que os apoios para compensar a paralisação a que estes empresários foram obrigados devido à pandemia cheguem “urgentemente”, sejam “mais alargados” e que sejam entregues “sem burocracias”.
Rodrigues dos Santos lamentou que o Governo não tenha ainda definido os critérios que tornam possível o desconfinamento, gerando uma “incerteza” que considerou “grave”, e apelou a que, a manter-se a tendência atual para “o controlo e normalização” da pandemia, seja anunciado “um calendário que defina nos próximos três meses quais são as regras aplicadas a cada setor de atividade”.
“Precisamos saber quais são os indicadores que permitem iniciar este desconfinamento. Parece que o decréscimo dos números é positivo e a expectativa que cria nas pessoa é que possam reiniciar com segurança e de forma progressiva, porque precisam de sustento”, disse, pedindo que o Governo diga qual o nível do número de mortos, de infetados e de internados que permitem acionar o mecanismo de “start and stop” (desconfinando ou apertando as medidas, por setores, conforme a evolução dos números).
Referindo-se às moratórias que totalizam já 46 mil milhões de euros, e que os empresários terão de pagar até setembro, Francisco Rodrigues dos Santos advertiu que, se não for negociado um alargamento em Bruxelas, esta será uma “verdadeira bomba-relógio para a economia”.
Para o presidente do CDS, é preciso igualmente rever os escalões de acesso aos apoios, que preveem perdas da ordem dos 25% face a 2019 e 2020, salientando que muitos empresários não conseguem aceder porque já tinham tido perdas acentuadas no anos anteriores e estão sem qualquer fundo de maneio ou apoio do Estado para pagar despesas fixas.
Questionado sobre o “passaporte de imunidade”, o líder centrista afirmou ser uma medida “insuficiente”, considerando-o apenas “uma migalha” se não for acompanhado de uma “testagem massiva para identificar quem são os infetados” e do reforço das equipas de rastreamento para identificação rápida de todos os contactos.
“O Governo tem que cumprir as suas promessas. O Governo está a testar menos agora do que estava durante a primeira fase da pandemia”, afirmou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.531.448 mortos no mundo, resultantes de mais de 114 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.351 pessoas dos 804.956 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.