O advogado do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes revelou, esta segunda-feira, que ponderou chamar o Presidente da República a depor como testemunha do processo Tancos.
"Ponderei e só não o fiz por ser uma alta figura de Estado com direito a imunidade e com possibilidade de não responder", afirmou Germano Marques das Silva à entrada do tribunal onde o arguido Azeredo Lopes vai ser interrogado. Disse ainda que o testemunho de Marcelo Rebelo de Sousa não era fundamental.
Já sobre António Costa, revelou que só chamou o Primeiro-ministro a depor como testemunha, "por ter havido notícias de que o Ministério Público quis chamá-lo, mas [que] foi impedido de o fazer".
À entrada para o interrogatório, a seu pedido, Azeredo Lopes disse apenas que ia esclarecer os factos".
O ex-ministro da Defesa é interrogado na fase de instrução do processo, no qual é acusado de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder.
Para a defesa de Azeredo Lopes, "os factos que lhe são imputados não passam de meras conjeturas, gravemente infundadas, [e] não são suportadas em provas juridicamente relevantes", lê-se no Requerimento de Abertura de Instrução (RAI) do processo sobre o furto e a recuperação do armamento militar dos paióis de Tancos.
Azeredo Lopes demitiu-se do cargo a 12 de outubro de 2018. Nove dos 23 arguidos do processo de Tancos são acusados de planear e executar o furto do material militar e aos restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, é-lhes imputada a participação na encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.
O inquérito de Tancos investigou o furto, em 28 de junho de 2017, e as circunstâncias em que aconteceu a recuperação de grande parte do material militar, em 18 de outubro do mesmo ano.