O poder de compra da remuneração média líquida dos trabalhadores da Administração Pública em 2021, é inferior em 10,3% ao de 2010, escreve no blogue pessoal, esta sexta-feira o economista Eugénio Rosa. O especialista fez a comparação salarial na última década, através dos dados oficiais, e as conclusões mostram uma perda generalizada de capacidade económica dos trabalhadores do Estado.
Mas há profissões que perderam bem mais do que a média, na última década. Entre as funções cujo valor do salário mais baixou está o pessoal de inspeção, com menos 34,2%. Segue-se a carreira de investigador que caiu 32,6%. Ou seja, em 11 anos os seus salários valem menos um terço.
Das 48 categorias profissionais elencadas no estudo do economista apenas uma viu o seu poder de compra a aumentar. Trata-se dos assistentes operacionais, auxiliares, e operários. Mas é importante referir que estes são os trabalhadores que menos ganham dentro do setor público
O economista Eugénio Rosa, que recentemente se candidatou à administração do Associação Mutualista Montepio Geral, lembra que a Direção Geral Administração e do Emprego Público acabou de publicar a “Síntese Estatística do Emprego Público” referente ao 3º Trimestre de 2021, e que foi com base nesses dados oficiais que calculou a variação do poder de compra das remunerações base mensais líquidas das várias categorias de trabalhadores das Administrações Públicas.
"Penso que era necessário fazer este trabalho porque o governo e os sindicatos estão a negociar as remunerações destes trabalhadores para 2022, e dar a conhecer a sua verdadeira situação e a forma como têm sido tratados pelos sucessivos governos, apesar de garantirem serviços essenciais à população, é muito importante", escreve o também consultor da CGTP.
O pessoal aduaneiro é a segunda categoria que mais perdeu capacidade aquisitiva (25,4%). Seguem os dirigentes superiores com menos 21,4%. O professor universitário viu o poder de compra reduzir-se em mais de 20%, tal como os agentes do SEF.
Eugénio Rosa escreve ainda que como mostram os dados oficiais, em julho de 2021, o poder da remuneração base média mensal liquida (após os descontos) de todos os trabalhadores da Função Pública (952 euros a preços de 2010) era inferior à remuneração base média mensal liquida de 2010 (1061,8€) ainda em 10,3%.
A quebra no poder destes 720.000 trabalhadores varia de categoria profissional para categoria profissional. Nos médicos a redução atinge 17,2%, nas forças de segurança a perda foi entre 8% na Polícia Judiciária e 11% na PSP.
Os salários dos magistrados, por sua vez, valem menos 12,6%.
O economista conclui que mesmo após o início da covid-19, as remunerações ilíquidas (brutas) médias mensais, portanto antes de quaisquer descontos, mantiveram-se mais ou menos as mesmas com mostram os dados oficiais, "pois os aumentos registados foram irrisórios". "A subida prometida de 0,9% em 2022, não dá para recuperar qualquer parcela do poder de compra perdido entre 2010 e 2021", remata.