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Foram precisos dois dias para a AD recuperar Pedro Passos Coelho para a campanha das eleições legislativas. O antigo primeiro-ministro esteve esta segunda-feira num comício da Aliança Democrática em Faro, na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, e proclamou que “o resultado natural destas eleições é a vitória da AD”. Mas pediu que os portugueses considerem “se não vale a pena” dar “força política” para permitir uma “transformação”.
“É a coisa mais natural do mundo. O PS não só tem hoje um vazio imenso para oferecer ao país, repete fórmulas gastas, que remetem para o passado, para a geringonça, para não sei quantas outras possibilidades, estão sempre a fazer contas de aritmética”, acusou o presidente do PSD entre 2010 e 2018.
Passos Coelho afirmou que “quem desrespeita o país” ao “jogar pela janela fora” uma maioria absoluta “não pode achar um resultado justo voltar a ser eleito”, e está convicto que Luís Montenegro vai formar Governo após 10 de março.
O antigo primeiro-ministro pediu ainda que o Governo tenha “algumas condições” para “responder pelos resultados”. Para isso, avisou que é preciso “dar confiança às pessoas” e pediu ainda que “as pessoas reflitam” se “não vale a pena agarrar com as duas mãos” esta “oportunidade” e dar “condições de força política” a um governo da AD para uma “transformação”.
Imigração. "As pessoas sentem uma insegurança"
O social-democrata considera necessária essa transformação porque, depois de oito anos, há “desgaste” e “falta de qualidade” nas políticas, inspirando “a preocupação da maior parte das pessoas”. Às áreas da saúde, ensino e habitação, juntou a segurança.
Recordando uma intervenção na Festa do Pontal de 2016, em que disse “nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro”, Pedro Passos Coelho assegurou que “hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e prioridade que se deu a essas matérias”.
Sobre a educação, Passos Coelho mostrou preocupação que “as escolas não sirvam” para “transmitir os conteúdos que são necessários para dar ferramentas às pessoas”. Mas juntou a essa preocupação a importância de “as pessoas que passam por lá” se sentirem “cidadãs a quem ninguém anda a meter pela goela abaixo aquilo que há de ser a sua vontade e a sua maneira de pensar”.
O antigo primeiro-ministro também pediu “uma prática política diferente daquela que temos”, além de uma governação “a olhar para o dia a dia”, que deixa “um vazio enorme”, com “muito pouco ou nada para oferecer no futuro”.
Pedro Passos Coelho lamentou ainda que, “em meados da década próxima, não haverá jovem qualificado que encontre aqui futuro” se o caminho continuar o mesmo, e que tenha sido preciso “uma guerra na Europa para que as pessoas prestassem atenção às questões da defesa”.
“Afinal, tantas preocupações com as contas certas, e tantos problemas tão importantes para resolver, que se agravaram e deterioraram ao longo de todos estes anos”, atirou Passos.
Proposta da AD tem "algum arrojo"
O social-democrata salientou que “temos que dizer que a nossa proposta é diferente” se a intenção for, “como foi sempre a nossa alma, reformar alguma coisa para que as coisas mudem”.
“A nossa proposta tem algum arrojo, confia nas pessoas, não as quer dirigir”, expôs Passos Coelho, elencando a confiança “naqueles que gerem as unidades hospitalares” e “naqueles que estão a gerir as nossas escolas”.
À chegada, a pé, ao lado de Luís Montenegro, o ex-primeiro-ministro disse aos jornalistas que não apareceu na campanha para “criar desatenções”, mas para “ajudar o PSD”,
Antes do comício, o presidente do PSD percorreu uma rua do centro de Faro acompanhado por dezenas de pessoas da comitiva da AD e, questionado sobre a presença de Passos Coelho, respondeu que "não há questão".
"Nós estamos muito fortes, muito unidos, muito coesos no propósito de dar bem-estar aos portugueses", declarou Luís Montenegro.