O parlamento ucraniano pediu, este sábado, à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu uma decisão “rápida e positiva” sobre o pedido de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), formalizado quatro dias depois da invasão russa.
“A decisão da UE sobre a integração europeia imediata [da Ucrânia] será um fator chave para dissuadir a agressão russa”, disse o presidente do parlamento, Ruslan Stefanchuk, numa mensagem divulgada na rede social Facebook, citada pela agência Interfax-Ukraine.
O pedido do parlamento teve o apoio da liderança do parlamento e dos representantes dos diferentes grupos parlamentares.
Stefanchuk argumentou que a adesão seria uma “recompensa justa para o povo ucraniano pela sua luta pela liberdade, democracia e valores europeus”.
“Nem uma única nação, nem um único país que seja membro da UE pagou tal preço”, acrescentou o líder do parlamento ucraniano, que tem 450 deputados.
Os Estados-membros da UE pediram à Comissão Europeia, no início deste mês, um estudo sobre a adesão da Ucrânia, embora sem unanimidade sobre a ideia de acelerar a candidatura, tal como solicitado por Kiev.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou o pedido formal para a entrada da Ucrânia à UE em 28 de fevereiro, quatro dias depois de a Rússia ter invadido o país.
No final do Conselho Europeu de Versalhes, em 11 de março, o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse que não haverá um procedimento de adesão acelerado para um país em guerra.
Macron, cujo país exerce atualmente a presidência semestral do Conselho Europeu, realçou, no entanto, que os líderes da UE deixaram claro na cimeira de Versalhes o “destino europeu” da Ucrânia.
A Rússia invadiu e anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014, depois de o então Presidente pró-russo Viktor Ianukovich ter sido destituído por querer impedir a integração europeia do país.
Na mesma altura, eclodiu uma guerra separatista no Donbass, no leste da Ucrânia, com apoio de Moscovo, que provocou 14.000 mortos em oito anos, apesar da assinatura dos Acordos de Paz de Minsk em fevereiro de 2015.
Antes de anunciar a atual “operação militar especial” na Ucrânia em 24 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass.
Putin utilizou como um dos argumentos para a invasão o alegado “genocídio” cometido pelo exército ucraniano contra os habitantes do Donbass, onde mais de 700.000 pessoas receberam passaportes russos nos últimos anos.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares na guerra em curso na Ucrânia, que entrou hoje no 24.º dia.
Até quinta-feira, a ONU tinha confirmado a morte de 816 civis, incluindo 59 crianças, mas alertou que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
A guerra também levou mais de 3,3 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia para países vizinhos, segundo a ONU.
As Nações Unidas calculam que o conflito provocou também cerca de 6,5 milhões de deslocados internos, ou seja, pessoas que abandonaram o local habitual de residência, mas que permaneceram no país.
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, de acordo com as Nações Unidas.
A ONU considera que se trata da pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).