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O presidente do PSD defende que o ministro da Administração Interna tem responsabilidade "política" na "falha" que levou à morte do cidadão ucraniano Ihor Homenyuk nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Eduardo Cabrita deve explicar-se e, depois, o primeiro-ministro “decidir” da sua continuidade, afirma Rui Rio.
No final de uma audiência com a Confederação do Turismo Português, o líder social-democrata foi questionado se Eduardo Cabrita tem condições para continuar no Governo.
“Como sabem tenho sempre muita dificuldade em dizer que um ministro deve sair porque entendo que isso é da inteira responsabilidade do primeiro-ministro. Dada a gravidade da situação - até porque, ao que parece não é uma situação pontual, mas um padrão do comportamento do SEF - tem de vir a público dar as suas explicações”, afirmou Rui Rio, considerando que não é suficiente a demissão da diretora do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), anunciada na quarta-feira.
Para Rui Rio, “em face das explicações ou não explicações” do ministro - que irá ao parlamento na próxima terça-feira - o primeiro-ministro deve “decidir” sobre a sua continuidade no Governo.
“Quer ele sai, quer não saia, no fim é sempre o primeiro-ministro que é julgado”, afirmou.
Questionado como avalia a atuação do Estado português no caso concreto da morte do cidadão ucraniano, Rio voltou a centrar a responsabilidade política no ministro da Administração Interna.
“Há aqui uma falha como é evidente, que é diretamente imputada politicamente ao ministro, ele tem a responsabilidade de emendar ou não, bem ou mal, o que aconteceu”, afirmou.
Rio considerou que o ministro “esteve demasiado tempo” sem ter conhecimento do que aconteceu ou, quando o teve, sem atuar.
“Encobrir sinceramente acho que não. Há uma reação ao ‘ralenti’, se não fosse pressionado publicamente pelo PSD não sei se a demissão [da diretora do SEF] se teria dado ou não”, alertou.
Botão de pânico "não faz sentido"
Questionado se concorda com o ‘botão de pânico’ que o Governo pretende colocar em instalações do SEF, o líder do PSD considerou que significa que “o ministro não tem confiança nos agentes” deste serviço.
“Acho que não é solução, não faz sentido, senão, a dada altura, não era só lá, tínhamos botões de pânico em muitos sítios do país”, disse.
À pergunta se o Presidente da República não se deveria já ter pronunciado sobre este caso, Rio respondeu: “E não sabe se não disse ao primeiro-ministro, não faço a mínima ideia”.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, vai ser ouvido no parlamento na terça-feira sobre o caso da morte de um ucraniano, em março, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
A audição de Cabrita, hoje comunicada aos deputados, vai acontecer na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e decorre de pedidos do PSD e da deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira (ex-Livre).
A diretora do SEF, Cristina Gatões, que em novembro admite que a morte do cidadão ucraniano, da qual foram acusados três inspetores, foi resultado de "uma situação de tortura evidente", demitiu-se na quarta-feira, nove meses após os acontecimentos.