A Comissão Nacional Justiça e Paz sublinha que é essencial evitar a espiral de violência a que se assiste no Médio Oriente. Em declarações à Renascença, Pedro Vaz Patto condena o ataque terrorista desencadeado pelo Hamas em Israel, mas sublinha que a retaliação do Estado Judaico não deve transformar-se numa vingança, que também vitima pessoas inocentes.
Esta poderá vir a ser uma escalada sem fim, alerta o presidente da Comissão Justiça e Paz, que não irá tornar mais seguro Israel nem irá preservar o que classifica de direitos legítimos dos Palestinianos.
Como avalia a escalada da violência no Médio Oriente, o ataque terrorista do Hamas, e a resposta de Israel?
Não podemos, desde logo, ignorar que toda esta guerra foi desencadeada por uma ação terrorista de consequências muito graves, e que merece um repudio veemente e claro.
Mas é bom que, nas reações a essas ações, se tenha presente que a legitimidade da guerra é estrita às questões da defesa. Portanto, quanto se pretende retaliar, no sentido de algo de vingativo, já não será legítimo.
Está a pensar, por exemplo, no corte da água (à Faixa de Gaza)?
Precisamente. Quer dizer, esse tipo de ações vitima pessoas inocentes, como se verificou com a ação inicial do Hamas. Mesmo que isso seja um meio de pressão para conseguir a libertação dos reféns que estão presos, não é essa a forma de agir porque, no fundo, também estão a instrumentalizar populações, que são inocentes também elas.
Mas na sua leitura, há soluções à vista para diminuir a tensão? Como será possível, depois de todo este terror que se tem vivido nos últimos dias?
Há que evitar uma escalada, há que evitar uma espiral. Há que evitar que, à violência e ao terror, se responda – e não estou a dizer que é igualmente terrorismo – com formas de reação que não são proporcionais, que vão além daquilo que aquilo que são as necessidades de defesa. E se, também dessa forma, estão a atingir cidadãos inocentes, entraremos numa escalada que, depois, não tem fim. Quer dizer, há que inverter esta escalada e agir de uma forma que seja diferente da que caracteriza as ações terroristas e que sejam, acima de tudo, preservadas as vidas inocentes.
Mas acredita que há alguma solução aceitável por qualquer uma das partes neste momento, depois de toda esta escalada de conflito?
É difícil. Eu sei que é difícil. Não tenho uma visão idealista da situação. Mas também é claro que, se não se põe termo a esta escalada de violência, a situação só se agravará para um lado e para o outro. Nem a segurança de Israel ficará assegurada, porque continuará a violência da parte do Hamas; nem a causa palestiniana, e os direitos legítimos dos Palestinianos, poderão algum dia ser preservados.