O debate subiu de tom esta quarta-feira, na Assembleia da República, durante a discussão da proposta do PSD para acabar com o corte de cinco por cento dos salários dos titulares de cargos políticos, que vai contar com o apoio do Partido socialista.
Depois de Hugo Soares tomar da palavra, para defender a proposta, André Ventura, que é contra, anunciou que os 50 deputados do Chega abdicavam da medida que vai levar a um aumento do salário.
Nessa altura, a discussão subiu de tom entre as duas bancadas. "Sim, senhor deputado. O Chega abdicará de receber aquilo que devia ser para os pensionistas, para os jovens e para o país", declarou André Ventura. "Abdicaremos! Abdicaremos todos!", exclamou, por fim.
O líder da bancada do PSD acusou então o líder do partido situado mais à direita no Parlamento de incoerência. "Quantos deputados do Chega prescindiram de um parte do salário? O senhor deputado do Chega quantas vezes prescindiu de usar motorista ou do carro a que tem direito", questionou.
"Garganta têm os senhores aqui, mas na hora em que têm de ser coerentes com aquilo que dizem, a garganta fica aqui [no Parlamento], porque nos atos os senhores são uma fraude política", atirou Hugo Soares.
A confusão estava instalada e entre o bruaá dos deputados, ainda se escutou Pedro Pinto a dirigir-se a Hugo Soares: "Tu não mandas aqui, pá. Mandas aí e mal. Aqui não mandas, mandas no CDS, aqui não", disparou o líder parlamentar do Chega.
O presidente da Assembleia da República, pediu "calma" aos deputados e lembrou o regimento parlamentar. "Posso interromper os trabalhos, mas acho que não vale a pena".
A proposta para o fim do corte dos salários dos políticos vai ser votado durante a tarde desta quarta-feira no Parlamento, no último dia de votações do OE para 2025.
Antes de avançar para o próximo tópico, Aguiar Branco quis certificar-se que mais ninguém queria intervir: "Ainda há quem tenha tempo. Se alguém quiser falar pode inscrever-se, não é preciso fazer algazarra", afirmou.