O Papa Francisco pediu este domingo, durante a missa no III dia Mundial dos Pobres, na basílica de São Pedro, que não se descarte as pessoas “na corrida” dos tempos", não seguindo a “a tentação do eu”.
“Com a mania de correr, de dominar tudo e imediatamente, incomoda-nos quem fica para trás; e consideramo-lo descartável. Quantos idosos, nascituros, pessoas com deficiência, pobres. Considerados inúteis. Vamos com pressa, sem nos preocuparmos que aumentem os desníveis, que a ganância de poucos aumente a pobreza de muitos”, disse Francisco, na homilia, no Vaticano.
O Papa alertou, ainda, para o dever do amor “não hipócrita”. O mesmo, diz Francisco, capaz de “dar àqueles que não têm nada para restituir a servir sem procurar recompensas nem retribuições”, lembrou.
“Então ponhamo-nos a questão: Eu ajudo alguém, de quem nada poderei receber? Eu, cristão, tenho ao menos um pobre por amigo?” questionou o Papa Francisco que, no dia em que a igreja católica assinala o Dia Mundial do Pobres.
Francisco recordou que os mais desfavorecidos “são preciosos aos olhos de Deus, porque não falam a linguagem do eu: não se aguentam sozinhos, com as próprias forças, precisam de quem os tome pela mão”.
A Missa contou com a participação de vários pobres e pessoas em necessidade, além de voluntários e representantes das instituições solidárias que os acompanham diariamente.
Entre os presentes na Basílica de São Pedro contava-se o treinador da AS Roma, o português Paulo Fonseca.
Uma hora depois, na recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa sublinhou que a fé faz que os católicos possam “caminhar com Jesus pelas estradas tantas vezes sinuosas deste mundo, na certeza de que a força do seu Espírito dobrará as forças do mal, sujeitando-as ao poder do amor de Deus”.
“Servem de exemplo os mártires, os nossos mártires, os cristãos dos nossos dias, que são mais do que os mártires do princípio. Apesar das perseguições, são homens e mulheres de paz, oferecem-nos um legado a ser preservado e imitado: o Evangelho do amor e da misericórdia. Esse é o tesouro mais precioso que nos foi dado e o testemunho mais eficaz que podemos dar a nossos contemporâneos, respondendo ao ódio com amor, às ofensas com perdão, também na vida quotidiana”, afirmou.
Papa agradece ao trabalho das dioceses e paróquias
Francisco referiu-se ainda à celebração do Dia Mundial dos Pobres, que tem como tema “A esperança dos pobres jamais se frustrará”.
“Os meus agradecimentos vão para aqueles que, nas dioceses e paróquias de todo o mundo, promoveram iniciativas de solidariedade para dar esperança concreta aos mais desfavorecidos”, referiu, após a recitação dominical da oração do Ângelus.
O Papa agradeceu ainda aos médicos e enfermeiras que serviram no posto médico colocada, durante a última semana, na Praça de São Pedro.
"Agradeço as muitas iniciativas em favor das pessoas que sofrem, dos necessitados. Isto tem de testemunhar a atenção que nunca deve faltar em relação a esses irmãos e irmãs. Vi, há poucos minutos, algumas estatísticas da pobreza… faz-nos sofrer a indiferença da sociedade com os pobres. Rezemos”, disse Francisco.
À imagem dos anos anteriores, Francisco almoça com um grupo de 1500 pobres, no auditório Paulo VI, do Vaticano, que acolhe 150 mesas para os convidados de Roma e várias dioceses italianas.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa com a Carta Apostólica “Misericordia et misera” de 2016, na conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
[Notícia atualizada às 12h30]