A cinco dias das eleições, Luís Montenegro falou pela primeira vez no Chega. O presidente do PSD voltou a dizer que "não é não" e dirigiu-se esta terça-feira aos potenciais eleitores do Chega, explicando que André Ventura não vai fazer nada do que promete.
O líder social-democrata pediu aos eleitores que reponderem e considerem votar na AD, afirmando que os respeita, que sabe que não são extremistas nem racistas e compreende a sua frustração.
"Se o nosso programa de Governo for cumprido, é inevitável que muitas das razões de queixa destes eleitores vão desaparecer, muitos dos objetivos que estes eleitores têm em mente alcançar vão ser cumpridos", defendeu Luís Montenegro, num jantar comício da Aliança Democrática (AD) na Expoeste, nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.
O presidente do PSD realçou que não fala "para o líder desse partido" André Ventura, a quem já disse o que tinha a dizer, "olhos nos olhos, cara a cara", no debate televisivo que tiveram, e repetiu a expressão que tem usado para excluir entendimentos com o Chega: "Não é não".
A cinco dias das legislativas antecipadas de domingo, Luís Montenegro falou, porém, "de forma direta e especial àqueles eleitores que já votaram e que porventura tencionam votar no Chega", para lhes deixar "algumas palavras, em primeiro lugar, de respeito".
"Eu compreendo que muita dessa força vem da frustração, da indignação, às vezes mesmo da revolta que muitas portuguesas e muitos portugueses sentem porque os poderes públicos, em particular o Governo, não está a dar a resposta que essas pessoas exigem, que essas pessoas pretendem, a vários níveis, ao nível de Estado Social, com certeza, ao nível da segurança, ao nível da justiça, ao nível do combate à corrupção", prosseguiu.
Luís Montenegro referiu que "nos últimos 28 anos o PS governou 22" e considerou que "o principal destinatário deste protesto é, portanto, o PS", mas admitiu que os governantes do PSD estejam "no subconsciente das pessoas como corresponsáveis por muitas dessas situações que geram indignação".
"Eu quero, portanto, dizer a essas pessoas que eu compreendo-as e sei que elas não são extremistas, e sei que elas não são racistas, e sei que elas não são xenófobas. Eu sei. E também sei que elas acham que o líder deste partido não vai resolver nada. E também sei que elas sabem que o programa deste partido não traz soluções", afirmou.
Programa do Chega "não traz soluções"
Segundo o presidente do PSD, elas próprias "acham que o líder deste partido não vai resolver nada" e que "o programa deste partido não traz soluções", mas têm um "sentimento de protesto" e querem "enviar um sinal".
"Eu não confundo nem esse partido nem a sua liderança com esses eleitores", salientou.
Montenegro pediu-lhes que "façam uma ponderação" e que, "apesar deste pensamento, possam concluir que é mesmo preciso, para garantir o futuro de Portugal, para garantir uma mudança de Governo e para evitar acordarem na segunda-feira outra vez com o PS no Governo, votarem na AD", para que forme Governo.
"Eu quero, portanto, dizer-lhes, que até domingo, até à hora em que vão em cada secção de voto exercer o seu direito cívico e político, é tempo de reponderarem, de aprofundarem a sua avaliação da situação e contribuírem ativamente para ter uma mudança política e governativa em Portugal", reforçou.
Antes, o presidente do PSD sustentou que a coligação PSD/CDS-PP/PPM já "reúne muita gente que votou noutros partidos nas últimas eleições, a começar no PS" e que "se desiludiram, se dececionaram".
"A casa segura para poderem acreditar num tempo diferente é a AD", disse.
O presidente do PSD mostrou-se certo de que a AD vai ganhar e assumir "a condução da política governativa em Portugal", mas advertiu que é preciso "até ao último segundo lutar por todos os votos", porque "no dia a seguir já não há nada a fazer".
Neste comício também discursou o antigo presidente do CDS-PP e ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas, a quem Luís Montenegro enviou "um abraço de amizade, de reconhecimento".