O Ministério Público (MP) acusou oito pessoas dos crimes de tráfico de droga e de associação criminosa para o tráfico, rapto, sequestro, coação agravada, acesso ilegítimo e detenção de arma proibida, segundo uma nota divulgada esta quinta-feira.
A acusação, que decorre de uma investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), visa dois cidadãos portugueses, três brasileiros e três sérvios, com base em factos que terão acontecido entre março e novembro de 2022. A droga chegaria a Portugal proveniente do Brasil, sendo alegadamente dissimulada em café moído.
“Sete dos oito arguidos integravam ou colaboraram com organizações criminosas que se dedicam à prática de crime de tráfico de estupefacientes de cariz internacional, uma delas sediada no Brasil e responsável pela remessa de elevadas quantidades de cocaína para a Europa, e outra responsável pela receção neste continente do produto estupefaciente e sua comercialização”, refere a nota publicada no ‘site’ da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O MP esclareceu que dois dos suspeitos tentaram fazer o transporte do produto após a sua chegada ao país, mas acabaram por abandonar a carga quando se aperceberam de que estariam a ser alvo de vigilância das autoridades.
Antes dessa ação, a Autoridade Tributária (AT) já tinha inspecionado o contentor de mercadoria e detetado 881 embalagens com cocaína escondidas entre o café, num total de 221 quilos e valor de mercado acima dos sete milhões de euros.
A investigação apurou ainda que as organizações envolvidas no tráfico, ao tomarem conhecimento do desaparecimento da carga, pensaram que o cidadão português estaria a enganá-las.
Por isso, terão, alegadamente, enviado um indivíduo brasileiro e três sérvios para recuperar a droga, tendo sequestrado o arguido português e o seu colaborador brasileiro, que agrediram para recolher informações sobre a mercadoria.
“Preparavam-se mesmo para levar para Espanha o arguido de nacionalidade portuguesa, que iria servir de ‘garantia pessoal’ da recuperação da cocaína, quando foram abordados por inspetores da PJ-UNCT, que os detiveram em flagrante delito e libertaram o arguido de nacionalidade portuguesa”, sublinhou o MP, acrescentando que este foi posteriormente detido (tal como o colaborador brasileiro) por colaboração no crime de tráfico de droga.
Além do cidadão português, dos três indivíduos de nacionalidade brasileira e dos três suspeitos sérvios, o processo conta também com uma cidadã portuguesa entre os arguidos, que era mulher de um dos brasileiros em prisão preventiva. A nota indica que ajudou o marido na receção e transporte da droga, tendo também contribuído com informações.
O DCIAP coordenou a investigação, que contou com o apoio das Unidades Nacionais de Combate ao Tráfico de Estupefacientes e de Combate ao Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ).