A Polícia Judiciária deteve 25 pessoas em concelhos da grande Lisboa e do grande Porto, envolvidas numa rede de cibercrime que terá utilizado cerca de 50 contas bancárias para o branqueamento de capitais. O prejuízo patrimonial apurado é superior a 1 milhão e 300 mil Euros.
Os arguidos, 20 homens e cinco mulheres - 10 de nacionalidade portuguesa e 15 de nacionalidade estrangeira, com têm idades entre os 20 e os 60 anos - estão indiciados pela “prática reiterada de crimes de burla informática, acesso ilegítimo, falsidade informática, falsificação de documentos, branqueamento e associação criminosa”, indica em comunicado a PJ.
Durante a "operação Selatis" foram realizados 27 mandados de buscas domiciliárias e não domiciliárias, nos concelhos de Lisboa, Cascais, Amadora, Almada, Setúbal, Loures, Espinho e Porto.
Segundo a Judiciária, os suspeitos acederam a sistemas informáticos de empresas, e fazendo-se passar pelos legítimos responsáveis criaram vários endereços de correio eletrónico, alteraram dados de pagamento e induziram as vítimas a efetuar avultadas transferências monetárias, para contas bancárias por si controladas. “No comércio internacional, durante o período da pandemia, aproveitando o facto de as relações comerciais ocorrerem por via digital, os agentes do crime lograram aceder, pelas mais diversas formas, nomeadamente através de malware, às caixas de correio eletrónico das empresas”, lê-se no comunicado enviado à Renascença.
Os suspeitos substituindo-se às verdadeiras empresas “criaram vários endereços de correio eletrónico fraudulentos, alteraram dados de pagamento e induziram as vítimas a efetuar avultadas transferências monetárias, para contas bancárias por si controladas e que se destinavam ao branqueamento de capitais”.
“Paralelamente, os mesmos agentes do crime criaram ‘websites’ que simulavam empresas já existentes e que se dedicavam à comercialização de produtos de proteção individual, como seja luvas de látex, fatos de proteção, máscaras cirúrgicas e álcool-gel e após receberem o contacto das empresas interessadas, contactavam as mesmas por email ou telefone, fechando negócios com a condição da realização do pagamento antecipado”, acrescenta a força policial.
A PJ esclarece ainda que as transferências bancárias “ocorriam para ‘Contas Mulas’ abertas para o efeito e as vítimas, na sua maioria estrangeiras, acabavam por nunca receber qualquer mercadoria”.
Esta investigação teve início em meados do ano 2020.
Os detidos vão ser presentes às autoridades judiciárias competentes, para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.