O secretário de Estado do Desporto considera que o bom funcionamento da autorregulação do futebol é fundamental. A intervenção do Governo, defende, tem de ser "mínima" e a indispensável.
"A autorregulação deve mesmo funcionar. Se o Governo decidisse tomar a responsabilidade da organização do futebol, e do desporto de uma forma geral no nosso país, ninguém aceitaria isso. Temos um regime amadurecido, com muito anos dessa autorregulação. Há sempre aspetos em que podemos melhorar, mas somos a favor da autorregulação e de uma interferência mínima", observa, em entrevista à Renascença.
Após o jogo entre Braga e FC Porto na quarta-feira, Pinto da Costa, na sequência de críticas às arbitragens, nomeações de árbitros e critérios disciplinares, não reclamou intervenção do Governo por considerar que não há secretário de Estado do Desporto.
Sem responder diretamente ao presidente do FC Porto, João Paulo Rebelo expôs à RenascençaRenascença o trabalho que tem estado a desenvolver e ressalvou que está em contato permanente com os mais diversos agentes do futebol.
Revelou, inclusivamente, que vai receber os responsáveis da APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol) nos próximos dias. Luciano Gonçalves, presidente da APAF, terá como principal preocupação para debate as situações recorrentes de ameaças a árbitros. O último exemplo sucedeu esta semana com Luís Godinho.
O árbitro alentejano recebeu ameaças de morte, após o Braga-FC Porto, num caso que está a ser investigado pelas autoridades.
"É inaceitável é inadmissível. Não podemos pactuar com isso. Não podemos aceitar. É algo que nos deve mobilizar a todos contra este tipo de comportamentos. Temos de nos respeitar uns aos outros e quando envolvem terceiros, famílias, é absolutamente inaceitável. Tenho apelado à intervenção imediata das diversas autoridades", diz João Paulo Rebelo.
Sem contrariar a ideia de uma intervenção mínima, no que diz respeito à organização do futebol nacional, o secretário de Estado refere que, na reunião com a APAF, irá concluir "onde é que a intervenção do Governo pode, ou não, ser útil e pertinente".
Assumindo responsabilidade do Governo, João Paulo Rebelo anota, também, que há dirigentes, treinadores e jogadores também têm de entender que têm responsabilidade acrescida na prevenção destas situações, como a que aconteceu com Luís Godinho.
"O Governo tem parte da responsabilidade, com certeza que têm. Mas os dirigentes também têm e isso é inequívoco, os treinadores são modelos, também têm responsabilidade acrescida e devem ter um comportamento mais exemplar, e os próprios jogadores, que são os ídolos de milhões de jovens, também têm responsabilidade", conclui.
As autoridades policiais estão a investigar as ameaças recebidas por Luís Godinho e pela sua família. Os contactos de vários árbitros de futebol e de outros agentes voltaram a ser divulgados nas redes sociais.