O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pede toda uma pedagogia de reintegração, a propósito do caso Marega.
O avançado maliano cansou-se dos insultos racistas de que foi alvo durante a visita do FC Porto ao Vitória de Guimarães e deixou o relvado aos 71 minutos. Em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com representantes de várias religiões para falar sobre a eutanásia, Marcelo, que já tinha falado de madrugada sobre o caso para a RTP, disse que não quer falar de casos concretos, mas de pedagogia.
"Não gostava de começar agora a individualizar. Prefiro definir-me pela positiva. Eu sou Presidente da República de todos os portugueses e, por extensão, preocupado com todos aqueles que vivem em território português e que se integram na sociedade portuguesa. O que eu quero é que seja feito um esforço de integração em todos os domínios em que possa haver intolerância ou agressividade verbal ou física. É isso que importa e é nesse sentido que se deve fazer pedagogia", sublinhou.
O Presidente da República salientou que todo o tipo de violência, seja ela física ou discriminatória - "sobre o outro ou a outra porque são diferentes de nós" -, "é condenável".
"A discriminação é condenável. Portanto, eu tenho condenado essa discriminação, não entrando em casos singulares, mas sempre que ela se manifesta na sociedade portuguesa", esclareceu.
Racismo pede outra reação
Ainda assim, Marcelo criticou, de forma indireta, a reação de Marega aos insultos racistas que recebeu. O avançado maliano despediu-se dos adeptos do Vitória com dois gestos obscenos (um em cada mão):
"Uma forma muito serena de responder perante provocações dessa natureza é não entrar em contra-provocações imediatas. Os próprios que são atingidos terem o comportamento cívico que não tiveram aqueles que atingiram. Isso é um exemplo de civismo pela positiva. Não quer dizer que as pessoas não possam expressar a sua indignação e o seu repúdio com firmeza, e devem fazê-lo. Não podem é entrar numa escalada que signifique no domínio da violência verbal como doutra violência o criar de uma intranquilidade na sociedade portuguesa."