Portugal deixou de estar em seca extrema e apenas 16% do território está em seca severa.
As chuvas de março permitiram recuperar os níveis de muitas albufeiras, de acordo com dados avançados à Renascença pelo vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, no final da reunião desta segunda-feira, do grupo de trabalho da Comissão Permanente da Seca.
“No final de fevereiro, 95% do território estava em seca extrema ou severa, sendo que os dados trabalhados hoje, dizem-nos que 16% do território está em seca severa e deixou de haver território em seca extrema. Portanto, são boas notícias”, admite o responsável da APA.
Para um ano considerado normal, as chuvas do mês que agora termina foram acima da média, “o que é um bom sinal”, de acordo com o vice-presidente da APA, tendo permitido reparar, por exemplo, os níveis das albufeiras com destaque para Mondego e Tejo.
“Na bacia do Tejo, na cascata de Castelo de Bode, a albufeira que alimenta a região de Lisboa, mais de três milhões de portugueses, nós recuperamos 12,5 metros, o que é muito relevante, 103,8%, houve aqui, de facto, uma boa recuperação, mas também no Cabril (Zêzere) que recuperou 2,3 metros, está a 36,7%”, adianta.
Na bacia do Mondego, há também “uma boa recuperação, cerca de 20 hectómetros cúbicos”, com a barragem da Aguieira a registar uma subida de “4,21 metros, o que é bom”.
Na região do Algarve, no sotavento, nas barragens do sistema Odeleite/Beliche, diz José Pimenta Machado, “encaixamos nestas chuvas de março, o que é muito relevante, 12 hectómetros cúbicos, o que equivale, se quiser, a cerca de 10% daquilo que é as necessidades da região do Algarve, o que é um bom número”.
Mas se houve melhorias em muitas albufeiras, outras há em que as preocupações permanecem, a começar pelo Algarve.
“A Barragem da Bravura, à qual temos de estar muito atentos, está a 15%, as chuvas fizeram com que subisse apenas 0,2%, sendo que na próxima semana, a Comissão da Seca do Sul, reúne no Algarve. Esta barragem alimenta três municípios: Lagos, Aljezur e Vila do Bispo”, menciona.
A barragem do Monte da Rocha, no distrito de Beja, com 14%, as barragens de Vilar/Tabuaço e Alto Rabagão, o Alto Lindoso, na Bacia do Lima, abaixo dos 20%, são outras preocupações da APA, que mantém “vigilância apertada”, sempre com a prioridade direcionada para o consumo humano.
Em entrevista à Renascença, José Pimenta Machado adianta que, apesar das melhorias, mantém-se suspensa a produção hidroelétrica nas barragens do Alto Lindoso/Touvedo, Alto Rabagão, Vilar/Tabuaço, Cabril e Castelo de Bode.
“As cotas mínimas, a partir das quais não se pode produzir energia, mantém-se. Estamos a avaliar, naturalmente, a situação pode ser revista em breve, mas sublinho que nos cinco aproveitamentos, essa suspensão vai manter-se”, revela, o vice-presidente da APA.