No ano passado, quase 40% dos alunos beneficiavam de apoios da Ação Social Escolar (ASE), situação que a presidente da Cáritas duvida que melhore este ano.
Em declarações à Renascença, Rita Valadas diz não ver "nenhuma possibilidade de esta situação ter um recuo", especialmente dadas as condições económicas das famílias com filhos na escola.
"A situação de vulnerabilidade das pessoas aumenta com o número de crianças em idade escolar, apesar de todos os apoios. Para muitas crianças, o apoio escolar é quase integral e alimentam-se na escola. Esta situação do aumento do custo de vida, que torna tão difícil a gestão do orçamento familiar, não facilitará que haja um recuo no número de pedidos de apoio."
De acordo com o Jornal de Notícias, que cita dados do Ministério da Educação, no último ano letivo quase 37,5% dos estudantes recebia algum tipo de apoio da ASE, número que deverá aumentar ainda este ano, de acordo com Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
As escolas não estão no raio de ação direta da Cáritas, mas a associação também regista igual tendência de aumento de pedidos de ajuda de famílias: "Aquilo que eu sinto é que, de facto, há cada vez mais famílias a pedir apoio à Cáritas e que essas famílias têm crianças a cargo", denota Rita Valadas.
Por outro lado, a presidente da Cáritas realça que o apoio social providenciado é "feito em colaboração com outras instituições", pelo que também admite que as famílias que recorrem à Cáritas "também recorram a outras instituições para fugirem à situação dramática em que vivem".
Dentro deste quadro de dificuldade económica, a ANDAEP desafiou o Governo a alargar os escalões da Ação Social Escolar e a reforçar os apoios aos atuais beneficiários. Rita Valadas salienta a importância da ajuda governamental, mas não acredita que as situações de vulnerabilidade social sejam resolvidas só com "apoios de emergência".
"Eu acho é que nós já vivemos com apoios de emergência há muito tempo. Temos que começar a pensar no futuro destas famílias. Porque estas famílias que nos apareceram com a pandemia, por exemplo, são famílias que, muitas delas, ainda não conseguiram recuperar da sua situação."