Portugal deve unir-se para salvar a companhia aérea da pandemia e preparar o plano para o futuro, apelou presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, esta terça-feira, no Parlamento.
O responsável da transportadora aérea falava perante os deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação quando considerou ser necessário “unir o país para salvar a TAP da pandemia”.
Antonoaldo Neves defendeu ainda que a companhia aérea não teria sobrevivido à pandemia se não fossem os investimentos que fez nos últimos quatro anos, por exemplo, com a renovação de frota e aumento de rotas, nomeadamente para os Estados Unidos.
“O desafio é muito grande e é global. […] A procura não vai vir na velocidade que a gente gostaria. É muito importante neste momento o país se unir à volta do plano futuro da TAP”, acrescentou.
O responsável não espera “nada menos do que uma Comissão Europeia extremamente dura” nas contrapartidas exigidas à companhia aérea pelo auxílio que vai receber de até 1.200 milhões de euros.
“Não espero nada menos do que uma Comissão Europeia extremamente dura com a TAP”, admitiu Antonoaldo Neves, que lamentou não ter sido dado à TAP auxílio estatal em forma de garantias, para pagamento de empréstimos com os bancos privados.
O gestor considera mesmo “injusta” a decisão da Comissão Europeia de não permitir que a TAP recorra ao mecanismo especial de apoio às companhias aéreas, no contexto da pandemia de covid-19, por considerar que a transportadora que lidera estava já com problemas antes do surto.
A audição tem por base os dois pedidos dos partidos, que querem conhecer mais detalhes sobre os planos e o futuro da TAP.
“Com a pandemia dentro de portas, os aviões em terra e a companhia 90% em ‘lay-off’, e ao mesmo tempo que se refere a necessidade de uma injeção de capital na ordem dos 1.000 milhões de euros para viabilizar a empresa, a TAP anunciou o seu plano de voos para junho e julho, o qual foi muito mal recebido, com muitas críticas por toda a sociedade civil”, realça O PSD no seu requerimento.
Além disso, refere o partido liderado por Rui Rio, “no debate quinzenal de 7 de maio, o primeiro-ministro garantia que ‘o Estado não meterá - nem sob a forma de garantia, injeção de capital ou empréstimo - um cêntimo que seja na TAP sem que isso signifique mais controlo e uma relação de poderes adequada a esse apoio que vier a conceder’”.
Para o PSD é importante “avaliar urgentemente a situação [da TAP], que suscita naturalmente a maior das preocupações”.
Já o PS destacou o plano de voos da transportadora aérea, que está sobretudo concentrado no aeroporto de Lisboa, o que o partido diz apresentar “uma grande desproporção” face ao Porto e Faro.
“Recorde-se que o plano estratégico da empresa tem como um princípio básico as ligações aéreas que assegurem a territorialidade do país”, sublinha o PS, afirmando que “é muito importante conhecer os critérios que estão na base do plano de voos da empresa para os próximos meses”.
O partido que suporta o Governo defende ainda que a gestão de fronteiras é “da responsabilidade soberana do Estado português”, destacando que “não se entende” a publicação de um plano de rotas nacionais e internacionais por parte da empresa, sem “a prévia informação do Governo sobre a estratégia de reabertura de fronteiras de Portugal”.
Os acionistas privados da TAP, o consórcio Atlantic Gateway, que detém 45%, estão a negociar com o Estado - detentor de 50% da transportadora - um apoio de 1,2 mil milhões de euros para combater o impacto da covid-19, mas ainda não é claro que consequências terá essa ajuda.
O plano de retoma de voos da TAP tem sido criticado por autarcas um pouco por todo o país, mas sobretudo no Norte.
[notícia atualizada]