O comentador da Renascença Henrique Raposo defende que “a liberdade de expressão é para as pessoas que nós odiamos”.
Raposo olha deste modo para a polémica a envolver o presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, por não ter repreendido o deputado André Ventura, quando este se referiu depreciativamente ao povo turco.
“Não é para as pessoas com quem nós concordamos, à partida. E, portanto, um milhão de pessoas votou naquilo e nós só conseguimos diminuir o número de votantes naquilo, gozando com aquilo, criticando diretamente e não com pedidos de limitação de liberdade”, argumenta.
Durante o debate setorial com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, o líder do Chega, André Ventura questionou os dez anos previstos para a construção do novo aeroporto, falando do caso de Istambul e atirando que “turcos não são propriamente conhecidos por ser o povo mais trabalhador do mundo".
Após indignação das bancadas de PS, BE e Livre, Aguiar-Branco pediu aos deputados para deixar Ventura continuar a sua intervenção, porque "o deputado tem liberdade de expressão para se exprimir".
Mais tarde, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, disse que o Parlamento é a “expressão da vontade popular” e recusou ser “polícia ou Ministério Público”, afirmando que não lhe cabe censurar a liberdade de expressão.
Na visão de Henrique Raposo, “não se pode usar o Ventura para sinalizar a sua própria virtude, para que o presidente da Assembleia da República faça censura ou limite a liberdade de expressão”.
Raposo lembra ainda que na antiga legislatura, Augusto da Silva “mandou calar sistematicamente o Chega e, sobretudo, o Ventura e correu muito mal, porque, depois, nas suas redes sociais eles usam aquilo para se vitimizar”.
“A estupidez é para ser atacada diretamente, com argumentos”, defende.
No seu espaço de comentário na Renascença, Henrique Raposo diz ainda que, na situação concreta, o que um deputado devia fazer era pedir a palavra e dizer que o deputado da nação, eleito pelos portugueses, é um idiota”.
“Ou seja, um deputado da nação, naquele momento, tem que usar a sua palavra para atacar diretamente o outro deputado”, diz.