Como se sabe, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, conseguiu escapar a uma censura dos deputados do seu partido. 148 deputados conservadores votaram pelo afastamento de B. Johnson, contra 211 que o apoiaram.
O Partido Trabalhista chamou a este resultado uma “vitória pírrica”. Os trabalhistas lideram agora as sondagens. Em 2024, haverá eleições gerais e até lá irão realizar-se várias eleições intercalares, que os trabalhistas esperam vencer. Nesta altura, o primeiro-ministro é o único membro do seu Governo cujas sondagens são negativas. Além disso, o Partido Conservador está agora profundamente dividido.
A Câmara dos Comuns ainda terá que decidir se Boris Johnson mentiu ao Parlamento sobre a realização de inúmeras festas em Downing Street, contrariando as regras sobre confinamento impostas pelo seu próprio Governo. Mais grave, Johnson terá de resolver o sarilho que arranjou ao dizer que irá denunciar o acordo com a UE quanto à Irlanda do Norte.
Este acordo, subscrito pelo primeiro-ministro britânico, é um exemplo da leviandade com que conduziu a campanha para retirar o Reino Unido da UE. Aqui, porventura mais grave do que a reação dos 27 a esse rasgar do acordo de saída da UE, será a reação dos Estados Unidos. Nancy Pelosi, líder dos deputados democratas na Câmara dos Representantes, já avisou publicamente Boris Johnson e o Reino Unido de que não haverá qualquer acordo comercial com os EUA se for posta em causa a fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
A guerra na Ucrânia deu a Johnson a oportunidade para se mostrar ativo na defesa daquele país. Boris Johnson foi o primeiro líder europeu a visitar Zelenskiy em Kiev. O Reino Unido é o país europeu que maior apoio financeiro e em armamento deu à Ucrânia. Esses apoios são populares no Reino Unido, mas poderão não chegar para manter Boris Johnson primeiro-ministro.
P.S.: Esta coluna suspende a sua publicação durante as próximas semanas, devendo regressar a 1 de julho, se Deus quiser.