Francisco Chaló renovou contrato pelo Paradou AC, emblema de Argel, da principal liga argelina de futebol. O treinador português voltou ao clube esta época para orientar a equipa nos últimos seis jogos oficiais e ainda foi a tempo de alcançar o sétimo lugar da classificação, com os mesmos pontos do sexto.
O trabalho de Francisco Chaló continua a ser reconhecido pela direção do Paradou que o convidou a renovar. “Vou continuar na nova época. Viajo a 7 de julho para iniciar os trabalhos de campo e faremos um estágio de pré-época na Eslovénia”, revela o treinador em entrevista a Bola Branca.
Um clube sui generis
O Paradou joga na principal liga de futebol da Argélia em condições diferentes dos demais concorrentes. Uma realidade que torna ainda mais desafiante o projeto que Francisco Chaló decidiu abraçar com bons resultados.
“É um clube sui generis na sua formatação, ideologia e filosofia. O clube nasceu em 1994 e 90% dos jogadores do plantel são oriundos da formação. O percurso é feito à parte da ideia dos restantes clubes argelinos porque não contrata jogadores. Mas com a exceção dos dois últimos anos, tem estado no 'top-5' e tem uma gestão 100% de sucesso. É um clube que se autossustenta e dá lucro devido à venda de jogadores. E esse é um dos motivos pelos quais eu volto para lá”, explica.
O projeto do Paradou AC é sucesso empresarial, mas no plano desportivo o emblema argelino não pode aspirar à conquista de troféus. “É impossível lutar por títulos. O clube não tem estádio nem adeptos. É uma espécie de clube empresa. Uma ideia de futebol diferente com visão empresarial”, argumenta Francisco Chaló.
As limitações sentidas na reta final da época quando aceitou o desafio de voltar ao clube argelino atestam a realidade do Paradou.
“Nesta segunda passagem pelo Paradou não fiz o trabalho como gostaria porque tive várias limitações. Em seis semanas trabalhei com 37 jogadores e não consegui trabalhar de um jogo para outro com metade da equipa devido às seleções com jogos nas datas FIFA e o torneio de Toulon. Nos últimos três jogos estreei 16 jogadores na liga argelina. Mesmo assim somámos bons resultados”, refere.
Regresso a Portugal só para ganhar títulos
Francisco Chaló, de 58 anos, voltou esta época a Portugal para trabalhar no Trofense, na II Liga, mas esclarece que um novo regresso só acontecerá se fora para orientar um clube que "lute por títulos".
“Quando estive no Trofense tive vários convites para sair para o estrangeiro. Mas de acordo com a minha ética e conduta recusei porque nunca coloquei interesses pessoais à frente dos coletivos. Mas a partir do momento em que fiquei livre a insistência voltou à carga e sendo gratificante o lado monetário e o projeto, a vontade de quem quer contratar é fundamental e a insistência foi tanta que não poderia recusar voltar ao Paradou. Só voltarei a Portugal para jogar para ganhar num clube que lute por títulos”.
Na época passada esteve no Trofense entre novembro e abril. Esteve 19 jogos oficiais no comando equipa da Trofa que terminou a II Liga em 13.º lugar. Entrou para o lugar de Rui Duarte e foi substituído por Sérgio Machado.
Chaló festejou a manutenção no Trofense, um clube "com uma massa associativa extraordinária". O projeto foi "interessante e um desafio", mas não o deixou totalmente satisfeito. Houve questões internas que, explica, condicionaram o seu trabalho.
"Foi difícil estar no Trofense a ganhar, a empatar e a perder. Talvez um dia poderei falar sobre isso. Não sou de me desculpar, mas para que as pessoas percebam, quando estava a ganhar estive para sair do Trofense. E isto diz alguma coisa sobre problemas internos que eu conhecia, não por culpa de toda a gente mas de algumas pessoas”, resume.
Natural de Ermesinde, Francisco Chaló iniciou a carreira de treinador em 1995/96 no Alfenense. Passou por Pedras Rubras, Feirense, Naval, Penafiel, Sporting da Covilhã, Académico de Viseu, Leixões, Trofense e Paradou.