Um aeroporto a rebentar pelas costuras, horas de filas para comprar bilhetes para o comboio ou para andar nos elétricos em Lisboa. Para os comentadores do "Visto de Fora", os portugueses não resolvem os problemas a tempo.
“O que me faz confusão com a política do turismo em Portugal é que são apanhados de surpresa quando era previsível”. A frase é de Olivier Bonamici que não compreende as filas para comprar um simples bilhete para ir de comboio de Lisboa a Cascais. Não há máquinas automáticas que cheguem. No Martim Moniz, em Lisboa, há quem espere duas horas para a apanhar o eléctrico 28. O jornalista francês diz que tudo isto era previsível, mas ninguém faz nada para evitar o problema.
Num país em que o turismo representa uma importante fatia da economia, há um aeroporto de Lisboa a “rebentar pelas costuras e isto não pode ser”, refere Begoña Iñiguez. Os turistas são confrontados com muita desorganização e horas de espera o que, na opinião dos comentadores do "Visto de Fora", dá uma má imagem de Portugal.
“Falo desde 2005 sobre o Aeroporto de Lisboa, como é que 13 anos depois nada se resolve?”pergunta a correspondente da Cadena Cope, em Lisboa.
Nesta edição do "Visto de Fora" falamos ainda do estacionamento de Madonna, “todos os correspondentes falaram deste tema”, diz Begoña Iñiguez. “Há ainda muito a explicar” diz a jornalista espanhola. Um caso que reacende em OIivier Bonamici dúvidas sobre os benefícios para o turismo de ter a viver em Lisboa estrelas como Madonna, Monica Bellucci ou Cantona.
“Gostaria de ver um estudo sobre o impacto real para o turismo”, remata Bonamici.
Angela Merkel salvou o governo alemão, para já.
O acordo com a CSU, que permitiu a Angela Merkel salvar o governo alemão e a eventual nova frente na guerra comercial entre a Europa e os Estados Unidos são temas centrais do Visto de Fora desta semana.
Depois de horas de tensão e de ameaças, Angela Merkel cedeu ao aliado de sempre e salvou o governo alemão. O acordo com a CSU impediu a demissão do ministro do Interior e a saída dos democratas-cristãos da Baviera, mas as regras para a entrada de migrantes em solo alemão tornaram-se mais restritivas.
“Angela Merkel teve uma semana dura e até (penso) que emagreceu um pouco. Esteve quase a perder o Governo”, assinala Begoña Iñiguez.
Já Olivier Bonamici compara a chanceler alemã ao presidente francês. “Angela Merkel é como Macron, as palavras dela entram em contradição com os seu actos. Quando Angela Merkel fala de uma europa humanista (tudo isto é muito bonito), mas depois recebe Orban, o primeiro -ministro húngaro. Vê-se que há cada vez mais convergências e antigamente havia mais divergências” com os nacionalistas e extremistas. Para o jornalista francês o acordo alcançado entre CDU e CSU permite apenas “ganhar tempo” e pouco mais.
Num clima de divisão e de falta de solidariedade, Begoña Iñiguez defende que Portugal e Espanha podem afirmar-se como líderes de uma Europa inclusiva. A correspondente da Cadena Cope acompanhou em Lisboa a visita de Pedro Sachez. O presidente do governo espanhol e o primeiro-ministro português demonstram grande sintonia e empatia. No entanto, a jornalista espanhola reafirma que os refugiados não são um problema do país A ou B, mas sim “de toda a Europa”. Por seu lado, Olivier Bonamici vê no voluntarismo europeísta de Sanchez uma forma de colmatar o frágil equilíbrio político interno, que lhe abriu as portas da Moncloa. “A nível interno Sanchez não tem muita margem de manobra, e ao nível da política externa ele tem mais liberdade” e para a opinião pública espanhola é “fundamental mostrar uma espanha forte”, acrescenta Bonamici.
Os nossos comentadores olham ainda para mais uma batalha na guerra comercial entre Estados Unidos e Europa. Depois do aço e dos alumínios, Donald Trump ameaça aumentar para 20% as taxas aduaneiras aplicadas a automóveis europeus. Segundo o Financial Times citado pelo Jornal de Negócios, Bruxelas poderá ceder a Washington numa altura em que se prepara um encontro entre Trump e Juncker.“Actualmente, a UE aplica uma taxa de 10% aos veículos de passageiros fabricados nos EUA, o que compara com os 2,5% impostos por Washington aos veículos equiparados importados da União. No entanto, no que diz respeito à importação de veículos pesados, a Europa aplica uma taxa inferior à dos EUA”, escreve o Negócios.
Olivier Bonamici considera que a Europa vai ceder para evitar uma guerra comercial de modo a evitar “um impacto que pode igualar a crise 2008 / 2009”. Mas a nível interno, Trump está a ser avisado sobre as eventuais consequências de uma crise no sector automóvel europeu. “Isto pode ter impacto nas empresas do sul dos estados unidos, que fazem componentes para carros europeus”, lembra o jornalista francês. “Do ponto de vista do crescimento seria terrível para todo o mundo”, acrescenta.
Begoña Iñiguez acredita que a Europa vai ceder “porque não quer que o problema se agrave mais.” No entanto, a jornalista espanhola parece encarnar a máxima que “no amor e na guerra tudo é permitido” ao dizer em jeito de aviso a Bruxelas que “Trump é um negociador imprevisível.”
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