Pedro Nuno Santos confirmou, esta quinta-feira, que sabia da compra de ações dos CTT por parte do Governo, mas que não foi ele quem deu "instruções ao ministro das Finanças" para o fazer.
"Obviamente que sabia e obviamente que concordo com aquilo que foi feito", disse, aos jornalistas, no Parlamento.
Em declarações aos jornalistas, começou por "lamentar a forma como líder do PSD decidiu fazer combate político", asseverando que "há limites" e que os políticos têm de se respeitar "uns aos outros e respeitar os adversários". "Há várias coisas que não faço, desde logo atribuir ao meu adversário declarações que não fez", acrescenta.
"Em nenhum momento disse que não sabia da operação. Estava à espera que o Governo prestasse ainda esclarecimentos. A única coisa que eu disse é que não é o ministro da tutela sectorial que dá instruções ao ministro das Finanças para comprar ações", diz, explicando por que razão concorda com a decisão.
"Os CTT eram uma empresa que, quando era pública, dava entre 50 a 60 milhões de euros de lucros. Ela hoje é privada, ainda dá lucro - dá menos -, mas esse lucro é dos privados, não é do Estado, de todos nós", começa por dizer.
"Era uma empresa que, quando era pública, prestava um serviço de qualidade. Hoje os CTT são uma empresa que não cumpre os indicadores de qualidade a que está sujeita", lamenta, criticando o papel do PSD neste processo.
Privatização dos CTT foi "desastrosa"
"Esta é uma privatização que foi desastrosa e que lesou profundamente o interesse nacional, o interesse do Estado, do interesse dos portugueses. O PSD devia era pedir desculpas pelo processo de privatização em vez de estar preocupado com 0,24% de ações dos CTT", diz.
Mas... por que razão o Estado não anunciou esta compra? Pedro Nuno Santos explica que, apesar de não ter conduzido o processo, o anúncio não foi feito como "forma de tentar garantir que não havia um inflacionamento dos preços". "O Estado não quis anunciar publicamente porque não queria, com isso, acabar por ter de comprar as ações mais caras do que aquilo que poderia comprar".
"Os processos têm de cumprir a lei e, dentro do quadro legal - que foi cumprido - o Estado, até uma determinada percentagem, pode fazer essa compra sem fazer comunicação ao mercado. Presumo que foi isso que foi feito e, desse ponto de vista, o interesse nacional foi defendido", remata.
[Notícia atualizada às 15h58 de 4 de janeiro de 2024]