O projecto do arquitecto Nuno Brandão Costa é o vencedor, entre outras 21 propostas apresentadas, do concurso público lançado para a concepção do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC), no Porto.
O projecto vencedor foi anunciado esta sexta-feira pelo júri do concurso, numa sessão pública que decorreu nas instalações da empresa municipal do Porto GOP - Gestão de Obras Públicas.
O projecto de Nuno Brandão Costa para a concepção do TIC tem um custo estimado de 6,3 milhões de euros e "permitirá uma interligação eficaz, confortável e segura entre os diferentes meios de transporte, promovendo assim o conceito de intermodalidade no sistema de transportes", lê-se na proposta que apresentou a concurso.
No final da sessão pública, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou aos jornalistas que este concurso não defraudou as expectativas da autarquia, por ter recebido 22 propostas e por se "ver que entre os proponentes" há "grandes nomes da arquitectura nacional.
Desconhecendo ainda os pormenores da proposta vencedora, Rui Moreira disse apenas conhecer o "jovem arquitecto" vencedor, por estar a colaborar com a autarquia num projecto no bairro S. João de Deus.
Para Rui Moreira, o TIC, que foi anunciado há 14 anos pelo governo de então mas nunca avançou, trata-se de um "projecto que tem várias vantagens", designadamente porque "vai fazer a ligação entre duas partes da zona de Campanhã", freguesia "que é rasgada por três vias - férrea, Via de Cintura Interna e Estrada da Circunvalação".
"A nossa ideia é que aquela zona (Oriental) tenha vida. É preciso tecer, cerzir a cidade", sustentou, acrescentando que a única forma de resolver "os problemas de mobilidade no Porto é permitindo a intermodalidade".
"Esteve 14 anos na gaveta mas nós desencravámos e vai permitir dar ali uma dinâmica completamente nova", disse, reafirmando que o investimento será assegurado no âmbito do Acordo do Porto, firmado com o Governo de Pedro Passos Coelho, em Julho de 2015.
Quanto a prazos, o autarca independente disse esperar que a empreitada, que deverá ter um prazo de execução de cerca de 18 meses, arranque em 2018.
De acordo com o relatório final, disponível na página da internet da GOP, o júri do concurso valorizou o facto de o projecto, "com um gesto único e de forma muito simples e depurada, resolver o problema do edifício com uma solução linear mas, simultaneamente, concentrada, que privilegia a qualidade do espaço destinado aos utentes, abrindo-o para uma área arborizada com dimensão significativa".
"O desenvolvimento do programa em dois pisos possibilita não confinar os espaços dos utentes e de trabalho administrativo às áreas funcionais necessárias ao funcionamento do TIC, as quais se desenvolvem num piso enterrado, em associação directa com o parque de estacionamento e com as vias de suporte da circulação essenciais para o bom funcionamento deste equipamento", lê-se.
Uma estrutura "ritmada"
O edifício assim concebido, refere ainda o relatório, "afirma-se como uma estrutura ritmada, aglutinada por um percurso longitudinal que associa de forma unitária todos os movimentos de peões oriundos dos diferentes níveis de relação existentes da estação de Campanhã".
De acordo com a memória descritiva do projecto, solicitada pela Lusa ao gabinete deste projecto, o TIC ficará implementado "no limite da zona edificável, junto à estação" de comboios de Campanhã, onde há uma estação do Metro do Porto.
"O terminal é desenhado como um dispositivo infra-estrutural linear que estabelece um limite físico para a estação", integrando "as componentes automóvel, autocarros e camionetas, pedonal e ciclovia" e "as grandes naves que abrigam os veículos têm grandes aberturas para o exterior nos seus topos", para assim introduzir luz e arejamento natural nos espaços.
O arquitecto refere que o TIC "é um espaço continuamente coberto, mas aberto e iluminado para o exterior, permeável e permanentemente ventilado, transversal e verticalmente", sendo uma construção "sem caixilharias, nem sistemas de ventilação mecânica" mas "abrigada".
A memória refere também que peões, automóveis, bicicletas e autocarros partilharão o mesmo espaço dimensionado de modo a não confluir a autonomia de cada percurso e meio, mas de modo a facilmente ser efectuada a troca de locomoção (de carro para comboio, de bicicleta para comboio, etc.).
O arquitecto, verificando um "enorme lapso de espaço verde" naquele local, propõe introduzir um "parque natural urbano".