O secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos, acusou Luís Montenegro de "arrogância", na forma como se dirigiu aos socialistas na abertura da discussão do programa de Governo da AD, que começou na manhã desta quinta-feira, na Assembleia da República.
"Começa mal", disse o líder socialista. Pedro Nuno acusa Montenegro de ter "mudado de posição” sobre as votações de orçamentos. Lembrou que o PSD “chumbou nove orçamento, chumbou o de 2021 [na pandemia] e na campanha interna do PSD dirigia-se ao anterior presidente por não dizer logo que votava contra o Orçamento sem o conhecer”.
“Mudou a visão sobre a estabilidade política”, sintetizou. "Não fala com ninguém, não ouve ninguém e espera que os outros venham ter consigo. Não é assim que se constrói maioria nenhuma nem se garante estabilidade para o Governo”, resumiu o líder socialista.
Mais tarde, na resposta o primeiro-ministro quis clarificar o conceito de arrogância. "Não queria discutir o conceito de arrogância", começou por dizer Luís Montenegro. O líder do Governo disse que quem governou 22 dos 28 anos foi o PS e fê-lo nos últimos oito anos.
"Agora querem que em 60 dias se decida o que não decidiu em 3050. Temos um conceito diferente de arrogância", concretizou.
"Varrer o socialismo"
Antes, Pedro Nuno Santos diz que Montenegro disse que queria "varrer o socialismo" e ao mesmo tempo quer que o PS "suporte um governo que quer varrer as políticas socialistas". E sublinhou que "nós temos um comprometimento" com o programa.
Sobre a Saúde, o secretário-geral do PS diz que o PSD quer “reforçar o poder económico do setor privado para ir buscar mais médicos ao SNS”. “Não resolve nenhum problema mas agrava a situação do SNS”, defende.
Já sobre a questão salarial, mais precisamente sobre o Acordo de Rendimento assinado pelo o anterior Governo com os parceiros sociais, Pedro Nuno Santos quer que Montenegro diga já se quer rever no acordo de rendimentos, já que no programa do Governo “chuta para 2030 0 salário médio de 1750 que no acordo de rendimentos está para 2026 e 2027”.
De seguida, acusou que o cenário macroeconómico do PSD “eclipsou-se”. “Desistiu do cenário que usou em campanha eleitoral? E o que fará se as previsões que lá estão não se concretizarem?”, perguntou.
Pedro Nuno questiona ainda que caso o crescimento previsto pela AD não se confirme, onde vai cortar o Governo. "Na descida de impostos?".
"Não contará connosco para fazer transferência de rendimentos da classe média para quem não precisa dele", rematou Pedro Nuno Santos.