Médicos em greve. Três dias de protesto colocam em risco cirurgias e consultas
08-05-2018 - 06:41

Reivindicam menos horas de trabalho nas urgências, menos doentes por médico de família e a abertura de concursos para a contratação de mais clínicos.

Os médicos estão em greve desde a meia-noite. A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para esta tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.

A paralisação nacional de três dias, que termina às 24h00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento.

À Renascença presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares reconhece que podem haver constrangimentos, apesar da estratégia de prevenção. “Nos dias prévios à greve, todos os hospitais encetaram esforços para minimizar este impacto junto dos utentes, procurando antecipar ou adiar consultas e cirurgias, contudo é expectável que possam haver cancelamentos”, disse Alexandre Lourenço.

A Ordem dos Médicos já veio publicamente apoiar a greve, por considerar que existem “razões objetivas” por parte dos profissionais.

O bastonário disse mesmo que participar na paralisação é “defender a qualidade dos cuidados de saúde e os doentes”.

Depois de duas greves nacionais em 2017, os médicos paralisam este ano pela primeira vez, com os sindicatos a considerar que o Governo tem sido intransigente e tem desperdiçado as oportunidades de diálogo com os sindicatos.