Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia discutem esta segunda-feira, no Luxemburgo, um sexto pacote de sanções à Rússia, face à sua agressão militar contra a Ucrânia, mas possíveis embargos às importações de petróleo e gás dividem os 27.
A reunião tem lugar apenas três dias após a adoção formal, pelo Conselho, do quinto pacote de sanções da UE dirigido a Moscovo, na sequência das atrocidades cometidas pelas forças russas em Bucha e noutras localidades ucranianas, entretanto libertadas, e que visou pela primeira vez o sensível setor energético, com um embargo às importações de carvão, a partir de agosto próximo.
No entanto, são sobretudo as receitas das exportações de gás e petróleo da Rússia para a UE que mais ajudam Moscovo a financiar a sua máquina de guerra russa - como o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem apontado incessantemente -, razão pela qual a Comissão Europeia já começou a trabalhar nesta área, sendo, todavia, muito difícil um entendimento entre os 27, dada a forte dependência energética de alguns Estados-membros relativamente à Rússia, designadamente ao nível do gás.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que participou, entre quarta e quinta-feira da semana passada, numa reunião de chefes de diplomacia em Bruxelas, mas ao nível da NATO, já disse na ocasião que Portugal apoiaria um embargo total da UE às importações de todas as matérias-primas energéticas da Rússia, incluindo gás e petróleo, para "ajudar a paralisar a economia que sustenta a máquina de guerra russa".
"A dependência energética por parte de alguns países europeus vai ter de ser completamente repensada. Do lado português, nós naturalmente que apoiaríamos qualquer medida coletiva nesse sentido", disse o ministro, admitindo que, ao contrário de Portugal, "há outros países europeus para os quais é mais difícil" prescindirem do petróleo e gás russo, observando que, "para esses países, o fundamental é conseguirem encontrar outras soluções para diminuírem a sua dependência em relação à Rússia".
A reunião de hoje no Luxemburgo vai ser presidida pelo Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, que poderá dar conta aos 27 das impressões recolhidas durante a sua deslocação de sexta-feira a Kiev - com uma paragem em Bucha -, acompanhando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Em Kiev, Borrell deu conta da sua intenção de lançar esta segunda-feira uma discussão sobre um embargo ao petróleo russo - atendendo a que a proibição de importações de gás parece neste momento inviável, dada a forte dependência de países como Alemanha e Áustria -, mas muito dificilmente será alcançado um compromisso, numa questão que exige unanimidade, como é a de sanções europeias.
Os 27 deverão dar esta segunda-feira luz verde, isso sim, a mais um pacote financeiro, o terceiro, de 500 milhões de euros para a aquisição e fornecimento de material de guerra à Ucrânia, numa altura em que se avizinham importantes batalhas na região do Donbass, dado ser expectável uma forte ofensiva russa nesta zona leste do território ucraniano.