O cardeal D. José Tolentino de Mendonça considera necessário “fortalecer uma antropologia integral que inscreva a pessoa humana no centro dos principais processos de civilização”.
O Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação participou esta quinta-feira de manhã num colóquio sobre o futuro dos institutos e universidades católicas, referindo que “o grande investimento a ser feito só pode ser o humano, ou seja, o investimento na formação de cada membro da família humana para que possam desenvolver seu potencial cognitivo, criativo, espiritual e ético, e assim contribuir, de forma qualificada, ao bem comum”.
Com uma reflexão sobre “renovação e conhecimento”, o cardeal português referiu que “a grande questão por trás da inteligência artificial continua a ser antropológica” e que “os desafios que se colocam à educação só podem ser os mesmos que se colocam hoje à pessoa humana.”
Neste contexto, as universidades em geral, incluindo as da Igreja, encontram-se numa encruzilhada de possibilidades culturais, científicas e sociais. “Elas não vivem para si mesmas, como se fossem bolhas impermeáveis de realidade. Muito pelo contrário, desenvolvem-se na medida em que se tornam capazes de escuta, de exercício co-responsável de práticas colaborativas, de encontro gerador de pessoas e culturas”, disse Tolentino. “Isto requer uma inteligência criativa, mas também um discernimento que não pode ser parcial nem improvisado, mas solidamente baseado nos próprios valores".
O Prefeito português recordou as palavras de Francisco que incentiva sempre a viver a realidade “sem medo, sem fugas e sem catastrofismos” porque “toda a crise, mesmo a atual, é uma transição, um parto que envolve cansaço, dificuldade, sofrimento, mas que traz em si o horizonte da vida, de uma renovação, carrega a força da esperança”.
Nesta crise de "mudança de época” em que vivemos, “vislumbramos uma nova fronteira que poderíamos chamar de ‘algor-ética’, pois a complexidade do mundo tecnológico obriga-nos a desenvolver uma ética mais articulada, para tornar este compromisso realmente eficaz”, sublinhou Tolentino, a partir dos desafios já lançados pelo próprio Papa.
“Em vez de globalizar o medo e a certeza, Francisco exorta-nos a ‘globalizar a esperança’, que não é um acessório ou uma eventualidade: ela tem uma raiz ontológica”, afirmou o Prefeito para a Cultura e Educação. “Quando a esperança falha, a vida falha. Quem vive no mundo universitário não se pode dar ao luxo de não ter esperança. Esperança é a nossa missão. Não é optimismo superficial, mas é saber arriscar na medida certa”, concluiu.