Em declarações à agência Lusa, Inês de Sousa Real admitiu que o país atravessa "um momento muito complexo" e que "é natural" que a participação "esteja, de alguma forma, condicionada", mas lamentou "profundamente a ausência do primeiro-ministro", uma vez que o tema do combate às alterações climáticas "tem de ser também uma prioridade para o país".
"Não seria, certamente, por estar presente, nem que fosse um momento da COP26, o nosso primeiro-ministro, seria fundamental essa presença pata que haja um real compromisso de todos os governantes, de todos os países, de combate à crise climática", criticou a líder do partido Pessoas-Animais-Natureza.
Para o PAN, que estará presente na COP26 entre 08 e 11 de novembro, "é absolutamente fundamental que exista este compromisso por parte dos países", para que não aconteçam situações como "o próprio secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] vir dizer que tem muito poucas expectativas com o compromisso que possa sair" desta cimeira.
"Isto tem de ser um momento de urgência, de ação, e para isso tem de haver o real compromisso por parte de todos os governantes, incluindo o nosso primeiro-ministro, em combater a crise climática. E isso não se faz marcando uma ausência nesta cimeira, ao invés de estar presente e de se propor a levar Portugal, também, na vanguarda do combate à crise climática", criticou Inês de Sousa Real.
As críticas da porta-voz do PAN foram feitas em Melides, concelho de Grândola, à margem de um encontro com o Grupo de Trabalho dos Utentes da Galé.
A ausência do primeiro-ministro, António Costa, na conferência da Organização das Nações Unidas sobre alterações climáticas, foi conhecida na tarde de sexta-feira.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se, entre hoje e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre cinco anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.