Os resultados das eleições europeias podem dar lugar a uma governação com mais resultados do que anúncios de medidas. É a expectativa do antigo deputado social-democrata Duarte Pacheco que sustenta que os resultados das europeias — em que a AD foi derrotada pelo PS por curta margem — acabam por ser positivas para o Governo.
"Podemos ter agora um período de maior estabilidade política e isso é positivo para o país e para o Governo ter tempo de os resultados aparecerem. Se os resultados aparecerem, é uma coisa. Mas se só tivermos anúncios, se as pessoas não sentirem consequências diretas no seu dia a dia, por exemplo, na saúde ou na habitação, aí o Governo poderá perder", alerta o ex-deputado do PSD no programa "Casa Comum" da Renascença.
Duarte Pacheco espera que o Governo dialogue mais com o PS "e que, antes mesmo de apresentar as suas propostas, estabeleça canais de diálogo com o Partido Socialista". Mas o recado estende-se ao partido de Pedro Nuno Santos que deve compreender "que é ao Governo que cabe governar".
Por isso, o social-democrata admite que os socialistas "devem dar os seus contributos" e que alguns deles "serão aceites pelo Governo, outros não serão, o que é normal". Duarte Pacheco espera que o PS esteja disponível para "dialogar efetivamente " por oposição a uma lógica de "tentar com outros partidos marcar uma agenda diferente da do Governo"
Partidos sem interesse em crise
O antigo deputado defende que o impacto das europeias pode abrir caminho à viabilização do Orçamento do Estado para 2025, porque considera que os partidos neste momento não têm interesse em provocar crises políticas.
" O PSD não descolou. Se tivesse ganho com uma ampla margem, podia até pensar ir para eleições para reforçar a maioria e depois quiçá até conseguir a maioria absoluta com o Iniciativa Liberal. Mas não ganhou", explica Duarte Pacheco para rejeitar uma crise provocada pelo seu partido.
Quanto ao Partido Socialista, "também perdeu um pouco desse incentivo", acrescenta o ex-deputado.
Por isso, remata Duarte Pacheco, "se não é do interesse dos partidos provocar uma crise política e o interesse do país é a estabilidade, espero que se tenha orçamento para 2025"