Seis anos depois dos incêndios, a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) refere haver mais atenção à limpeza dos terrenos, mas lamenta que a floresta continue abandonada.
Em declarações à Renascença, Dina Duarte, presidente da associação, fala de uma necessidade de fazer "uma reflorestação à séria": "Tudo aquilo que implica termos uma biodiversidade maior, termos as limpezas junto às aldeias, fazer uma zona tampão".
Por outro lado, Dina Duarte alerta para uma rede de telecomunicações "muito fraca e incipiente", que "em alguns locais nem sequer existe". "São coisas que me preocupam se eu precisar de fazer um contacto de emergência."
A presidente da associação reforça a importância dessas ações, uma vez que é preciso "preparar sempre para novos incêndios". "O clima está a alterar, temos temperaturas altíssimas que não tínhamos há sete ou oito anos atrás. Temos de prevenir e a prevenção é a melhor forma de nós tentarmos sacudir o problema ou evitar que isto piore."
Dina Duarte sublinha, no entanto, que "há outra preocupação", com maior atenção para a limpeza dos terrenos. Contudo, alerta para a situação de abandono da floresta, por variadas razões: "Alguns proprietários já morreram, outros nem sabem o que herdaram nem onde, obviamente que a floresta não pode melhorar abandonada".
"Um ciclo de justiça que ainda não terminou"
Quando se fala das vítimas dos incêndios de 2017 e dos seus familiares, a dirigente da AVIPG aponta para "um ciclo de justiça que ainda não terminou".
Em setembro de 2022, os 11 arguidos do caso da responsabilidade no incêndio de Pedrógão Grande foram absolvidos foram absolvidos, mas a associação não baixa os braços, tendo movido novo processo no Tribunal da Relação de Coimbra. "Ainda há um processo em tribunal, que ainda não está concluído."
Dina Duarte deixa ainda críticas ao Governo por não ter visitado Pedrógão Grande para inaugurar o memorial às vítimas, aberto na passada quinta-feira. A estrutura, idealizada pelo arquiteto Souto Moura, encontra-se junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, com os nomes das 115 vítimas mortais dos fogos de 2017.
"O memorial devia ter tido uma entrega mais oficial e não com tanta falta de algum cuidado pela memória dos que partiram, dos nomes que estão lá gravados na pedra. Essa falta de cuidado entristece-nos."
Na rede social Twitter, António Costa já anunciou que haverá uma cerimónia oficial de inauguração "em data a escolher pela CIM e de acordo com as famílias". "Aí devemos homenagear permanentemente os que perdemos", tweetou o primeiro-ministro.