A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que a economia mundial deverá crescer abaixo dos 3% este ano, menos que os 3,4% de 2022.
Kristalina Georgieva estima que o crescimento deverá ser de 3% durante os próximos cinco anos, sendo este o crescimento a médio prazo mais baixo desde 1990.
A previsão "de crescimento a médio prazo é mais baixa desde 1990 e bem abaixo da média de 3,8% das últimas duas décadas", afirmou a diretora-geral do FMI.
"Isto torna ainda mais difícil reduzir a pobreza, curar as feridas da crise da Covid-19 e garantir novas e melhores oportunidades para todos", acrescentou a responsável búlgara.
No seu discurso de antevisão das Reuniões de Primavera do FMI/Banco Mundial, que decorrem entre 10 e 16 de abril, Georgieva assinalou que "cerca de 90% das economias desenvolvidas têm uma projeção de um declínio da sua taxa de crescimento" prevista para este ano e que a Índia e a China deverão representar cerca de metade do crescimento global em 2023.
As reuniões vão decorrer num cenário em que bancos centrais por todo o mundo têm insistido no aumento das taxas de juro para o controlo da inflação e que uma crise da dívida atinge as economias emergentes.
O combate à inflação tornou-se, segundo Georgieva, "mais complexo com as recentes pressões no setor bancário" nos Estados Unidos e na Suíça, elementos que a diretora-geral do FMI considerou serem "lembretes de como é difícil passar de um prolongado período de taxas de juro baixas e ampla liquidez para taxas de juro altas e liquidez mais escassa".
A economista pediu para que haja uma ajuda às economias emergentes através de um apoio ao peso da dívida, que "tem sido dificultada pelos choques nos últimos anos", e pela garantia de que o FMI continue numa posição em que as possa apoiar no futuro.
"Cerca de 15% dos países com rendimentos mais baixos já estão em situação de endividamento e outros 45% enfrentam vulnerabilidade elevada relacionada com a dívida", alertou, registando ainda que cerca de um quarto das economias emergentes estão em risco de incumprimento.
A diretora-geral do FMI alertou que o caminho para um regresso a um crescimento robusto é "áspero e nebuloso" e que "agora não é o momento para ser complacente".