O líder do Chega afirmou esta segunda-feira ter aceitado a demissão de Gabriel Mithá Ribeiro como vice-presidente do partido e justificou o seu afastamento como coordenador do gabinete de estudos com uma reorganização que vai ser proposta.
Numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, André Ventura confirmou que recebeu o pedido de demissão do deputado Gabriel Mithá Ribeiro do cargo de vice-presidente do Chega.
“O deputado Gabriel Mithá Ribeiro já tinha pedido a demissão há algumas semanas com o objetivo de se focar no trabalho de representação do distrito de Leiria. Essa demissão foi aceite por mim e, portanto, o Chega desencadeará imediatamente os procedimentos que tem de desencadear do ponto de vista estatutário para a substituição do seu vice-presidente”, afirmou.
O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro anunciou hoje que se demitiu de vice-presidente do partido, na sequência do afastamento do cargo de coordenador do gabinete de estudos, lugar que foi ocupado “provisoriamente” por André Ventura.
“Na sequência do meu pedido de demissão de vice-presidente do partido Chega, a 09 de julho do corrente ano, o mesmo torna-se inevitável face ao comunicado do meu afastamento do cargo de coordenador do gabinete de estudos por decisão de vossa excelência, datado de 21 de agosto”, lê-se num email endereçado por Gabriel Mithá Ribeiro a André Ventura e que foi publicado pelo deputado na rede social Facebook.
Num despacho publicado no domingo no ‘site’ do Chega, e assinado por André Ventura, é referido que “nos termos das competências estatutariamente definidas, e tendo em vista o processo de reorganização dos vários órgãos partidários, anunciado no último Conselho Nacional, fica atribuída ao presidente da direção nacional, provisoriamente e com efeitos imediatos, a coordenação do gabinete de estudos do partido até à aprovação, no próximo Conselho Nacional, da nova configuração orgânica”.
Aos jornalistas, André Ventura recusou que o afastamento de Mithá Ribeiro do gabinete de estudos do partido seja justificado com o trabalho feito pelo deputado, mas sim com uma “restruturação do partido” que resultará numa “profunda reforma a nível distrital, concelhio e dos organismos do partido”.
“Não tem que ver com o trabalho ser satisfatório ou não”, defendeu, rejeitando que tenha também a ver com o facto de o deputado ter partilhado no Facebook um artigo de Pedro Arroja, membro da comissão política nacional, na qual este diz estar “bastante dececionado” com as propostas do partido na área da justiça.
Questionado se houve uma rutura entre os dois, André Ventura disse esperar “que não” e admitiu que “não é impossível que o próprio Gabriel Mithá Ribeiro volte a ser coordenador do gabinete de estudos”.
O líder vai reunir-se na terça-feira com Mithá Ribeiro para os dois abordarem esta demissão.
Apontando que “o Chega vai ter nos próximos meses”, ainda sem data certa, uma “profunda reorganização institucional interna, que afetará também o gabinete de estudos e a comissão política nacional, bem como outros organismos do partido”, o líder justificou que “não faz sentido que haja outros à frente dos órgãos” quando vai ser o próprio a “apresentar a proposta ao conselho Nacional, como presidente do partido, de reformulação desses órgãos”.
“Se a proposta é minha, enquanto presidente da direção nacional, não faz sentido outro assumir a responsabilidade por ela”, advogou.
O líder do Chega garantiu ainda que mantém “a confiança em todos os deputados” e que espera que o trabalho na Assembleia da República “continue a ser feito em unidade do grupo parlamentar”.
O presidente do partido de extrema-direita, que não aceitou a demissão de Gabriel Mithá Ribeiro em julho, adiantou que o seu substituto será escolhido em breve e que vai convocar para os “próximos dias” uma reunião da direção, levando depois o nome a sufrágio em Conselho Nacional.
Questionado também sobre as várias demissões de dirigentes do partido nos últimos meses, entre as quais a do chefe de gabinete Nuno Afonso, Ventura considerou que “é parte do processo de crescimento do partido”.